Cotidiano

?Star trek? completa 50 anos com novo filme e série prevista para 2017

LOS ANGELES — No percurso para cruzar o espaço, personagens criados há 50 anos por um ex-aviador e ex-policial texano foram aonde nenhum homem jamais esteve. “Star trek” foi ao ar pela primeira vez na televisão americana em setembro de 1966, dando início a uma jornada de 727 episódios em cinco encarnações de séries de TV, 12 longas-metragens, centenas de livros, quadrinhos e games, e a certeza de ter se posicionado como um dos principais fenômenos da cultura pop, com fôlego para muitos outros universos a serem desbravados.

O 13º longa-metragem (vídeo do trailer acima) da franquia desenvolvida por Gene Roddenberry (1921-1990), intitulado “Star trek: Sem fronteiras”, acaba de estrear nos cinemas americanos (no Brasil, a previsão é 1º de setembro), na mesma semana em que foram anunciados que um novo filme será feito, ainda sem data de estreia, e que David Semel vai dirigir um piloto para uma nova série, prevista para janeiro de 2017. A ideia, como diria Spock, o alienígena orelhudo cujo cumprimento com a mão em “V” é imitado em todos os cantos da galáxia, é que a criação de Roddenberry tenha uma vida longa e próspera.

— “Star trek” mostra um grupo de pessoas que se juntam para compartilhar experiências, como uma família. Além disso, a cada noite havia um desafio novo. Para um garoto, como eu era quando assisti à série original, era o máximo — afirma Justin Lin, diretor de 44 anos, nascido em Taiwan, que está por trás de “Star trek: Sem fronteiras”. — Eu sempre adorei “Star trek”. Éramos uma família de proletários, e a série aparecia na TV. Em comparação, eu só fui ver os filmes de “Star wars” quando lançaram em VHS. “Star wars” me parecia uma coisa para privilegiados, havia aqueles bonecos que as pessoas compravam. Já “Star trek” era para qualquer um.

O filme de Lin é o terceiro desde que a série original passou por um reboot rejuvenescedor, em 2009, sob direção de J.J. Abrams. Spock, por exemplo, passou a ser interpretado por Zachary Quinto; Kirk ganhou o rostinho bonito de Chris Pine; McCoy foi vivido por Karl Urban; Scotty, por Simon Pegg; Uhura, por Zoe Saldana; Chekov, por Anton Yelchin; e Sulu, por John Cho. Todos estão de volta em “Sem fronteiras”, numa trama sobre responsabilidades e amadurecimento — com direito a muitas cenas de ação no espaço e fora dele, claro.

— O apelo de “Star trek” é mostrar que os seres humanos são criaturas sociais que têm o desejo de ficar juntas, trabalhar juntas, e lutam por isso. A franquia traz arquétipos sociais profundos do desejo de Humanidade. Há sempre uma batalha entre o ego, a cobiça e o egoísmo de um lado, e a compaixão e entrega pela vida coletiva do outro — avalia Pine. 

O novo filme, porém, gerou uma pequena polêmica, em função da decisão dos roteiristas em tornar Sulu homossexual. O Sulu original, George Takei, que se assumiu gay em 2005, reclamou que a opção desvirtuaria a criação de Roddenberry.

— Acho que as pessoas tiraram a reação de George do contexto. Nós pensamos em Sulu obviamente em homenagem a George, e eu conversei com ele sobre isso. Seu argumento era não mudarem o personagem — afirma Simon Pegg, que, além de ator, foi roteirista no novo filme. — O universo de “Star trek” sempre foi inclusivo, por isso achamos importante ter um personagem gay. Há homossexualidade em todas as espécies, isso não deveria ser uma questão hoje. Eu não sei qual é sua orientação sexual, e isso não importa.

NETFLIX EXIBE NOVA SÉRIE

Os episódios da série original de “Star trek” foram produzidos entre 1966 e 1969. Depois vieram, com novos personagens, as séries “A nova geração” (1987 a 1994), “Deep Space Nine” (1993 a 1999), “Voyager” (1995 a 2001) e “Enterprise” (2001 a 2005).

Ainda é cedo para se falar sobre os novos filme e série. Do primeiro, sabe-se que o elenco principal do reboot estará de volta, obviamente com exceção de Anton Yelchin, que morreu em junho, aos 27 anos, num acidente em frente à sua casa (leia à esquerda). Também já foi confirmada a participação de Chris Hemsworth, que teve uma breve aparição como o pai de Kirk em “Star trek” (2009).

Já a série terá novos personagens e sua transmissão fora de EUA e Canadá pela Netflix — a empresa também anunciou que, a partir do fim de 2016, exibirá os episódios antigos.

*André Miranda viajou a convite da Paramount Pictures