RIO ? O protesto da equipe de ?Aquarius?, candidato brasileiro à Palma de Ouro do 69º Festival de Cannes, durante a sessão de gala da terça-feira, voltou à berlinda na tarde desta quarta-feira, na coletiva de imprensa do filme dirigido por Kleber Mendonça Filho. Durante a cerimônia, a equipe do longa exibiu cartazes com contra o processo que colocou Michel Temer na presidência. A foto repercutiu na imprensa internacional e chegou à capa de jornais como o “Guardian”, do Reino Unido.
? Foi uma forma mais tranquila e mais adequada para uma cerimônia formal, da qual éramos convidados de honra. Cannes tem repercussão mundial poderosa ? explicou o diretor, que criticou o fim do Ministério da Cultura. ? Foram fundos de investimentos e editais criados pela pasta que financiaram filmes como o meu, que está competindo aqui.
Sônia Braga completou:
? Foi importante aproveitar o festival como plataforma, e expor o que está ocorrendo no Brasil ? disse a atriz, falando para uma plateia composta majoritariamente por jornalistas brasileiros. ? A mídia manipula a informação. Há muitos deputados corruptos no Congresso.
?Aquarius? conta a história de Clara (Sônia Braga), viúva e jornalista aposentada que resiste à pressões de uma construtora, que pretende construir um condomínio moderno no lugar do prédio onde mora. Uma jornalista inglesa lembrou que a personagem faz parte da elite que o longa-metragem critica.
? Temos elites financeira se intelectuais, e ambas veem do mesmo estrato social ? explicou Mendonça Filho. ? A elite intelectual brasileira tende a ser mais liberal e progressista. Construí a Clara como uma personagem quase burguesa, porque ela seria uma cliente perfeita para uma construtora. Há muitos livros e filmes sobre personagens despejados, ela tinha que ser diferente, porque é uma mulher liberal.
