Cotidiano

Solidariedade troca membro da CCJ que votaria contra Cunha

BRASÍLIA – Após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) abrir sessão que poderá votar uma consulta que favorece o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Solidariedade defenestrou um de seus titulares que votaria contra Cunha. Em mais uma manobra do grupo do peemedebista, o deputado Major Olimpio (SD-SP), favorável à cassação de Cunha, foi avisado na manhã desta terça-feira pelo líder do partido que seria substituído. Ele chegou a marcar presença, mas logo anunciou, ao microfone, a decisão do Solidariedade, legenda aliada do presidente afastado da Câmara. O deputado será substituído por Lucas Vergilio (SD-GO).

? Voto pela cassação do Cunha e contra essa consulta. A liderança do partido me avisou hoje de manhã ? disse Olimpio, de saída do plenário.

Perguntado se a troca aconteceu por sua posição contrária a Eduardo Cunha, ele admitiu que sim:

? É ? limitou-se a responder.

Membros da CCJ disseram ao GLOBO que o placar está apertado. Segundo adversários de Cunha, o placar hoje é favorável a eles: teriam 37 dos 34 votos necessários para se ter maioria na CCJ e, assim, derrotar o relatório do deputado Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente afastado.

A CCJ adiou as últimas três sessões por falta de quórum. Para abrir a sessão, é preciso que registrem presença 34 dos 66 parlamentares que integram a comissão. A reunião desta terça conta com presença de 52 deputados.

Depois de o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), enviar consulta à CCJ que questiona o rito de votações de processos em plenário, o relator da consulta, deputado Arthur Lira, apresentou relatório defendendo que o que vai à voto é o projeto de resolução com a pena, não o relatório do Conselho de Ética, e podem ser apresentadas emendas, desde que não prejudiquem o representado.

Isso significa que, se o conselho aprovar uma pena mais branda para Cunha, só ela irá a voto e as emendas só poderão ser apresentadas para reduzir a pena, não para ampliá-la. Se for aprovada a pena de cassação, podem ser apresentadas emendas para que a pena seja flexibilizada. E, rejeitado o projeto, ele será arquivado. As quatro respostas apresentadas por Lira podem beneficiar Cunha, dependendo do resultado no Conselho de Ética.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que pedirá vista para que a reunião não se misture com a do Conselho de Ética, que acontece, também nesta terça-feira, no plenário em frente ao da CCJ.

? Cuidado nesse momento é muito importante, vamos aguardar decisão do conselho e vamos retirar essa matéria de pauta. Vamos pedir vista, se não passar o requerimento de retirada de pauta ? disse.