RIO – A retomada das operações da Samarco está provocando divergências entre suas sócias, a brasileira Vale e a australiana BHPBilliton. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse nesta quarta-feira que ?a Samarco não é viável com sua estrutura atual?, pois usa depósitos de rejeitos minerários a montante. O executivo avalia que a companhia poderia usar a infraestrutura da Vale em Minas Gerais para depositar os rejeitos, uma vez que a maioria dos depósitos da mineradora brasileira são a jusante. A Vale também tem cavas em minas que estão exauridas e que poderian ser usadas com o esse fim.
Há quase um ano, a Samarco protagonizou o maior acidente com barragens de rejeitos já registrado no país e um dos maiores do mundo. Uma das barragens da empresa em Mariana (MG) se rompeu, lançando toneladas de rejeitos no Rio Doce. O resultado foram 19 mortos, graves danos ambientais e comprometimento do abastecimento de água de várias cidades. A barragem em questão era a montante da comunidade de Bento Rodrigues, distrito de Mariana. As operações da Samarco estão paradas desde o acidente.
REUNIÃO PARA APARAR ARESTAS
? A Samarco não é viável com sua estrutura atual. Ela trabalha com depósitos (de rejeitos) a montante. A Vale não tem construído esse tipo de barragem há muito tempo ? disse Ferreira, em teleconferência de resultados. ? A Vale tem flexibilidade de decisões. Estamos disponíveis para que a Samarco use nossa infraestrutura.
A Samarco informou que, em fevereiro deste ano, iniciou processo de licenciamento ambiental para uso de um cava, a casa de Alegre Sul, para depositar rejeitos. Segundo a empresa, a cava é distante de comunidades e não tem conexão com o atual sistema de barragens da compahia.
Além do aspecto operacional, Ferreira afirmou que também há divergências entre as sócias quanto ao equacionamento da dívida da Samarco. O executivo vai se reunir com o presidente da BHP na próxima semana, para tentar ?obter um alinhamento de longo prazo? para a empresa.
