Cotidiano

Sobrinho de Maduro traficou drogas para financiar campanha da primeira-dama, diz jornal

CARACAS ? Um dos sobrinhos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, confessou ter traficado cocaína para ajudar na campanha política da primeira-dama, Cilia Flores. É isso que diz o jornal local ?Nuevo Herald?, que obteve a transcrição de conversas entre o acusado, Efraín Campo, e um informante do DEA, a agência de combate às drogas dos EUA. Campo é acusado junto com Francisco Flores, outro sobrinho de Maduro, de narcotráfico por autoridades americanas. Os filhos do irmão da primeira-dama serão julgados no dia 07 de novembro.

Na conversa, Campos e Flores admitem aos informantes que pretendiam realizar múltiplos envios de drogas aos EUA. E ainda garantiam ter em mãos cocaína de alta qualidade, que teria sido fornecida pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Eles não sabiam que conversavam com autoridades.

Além disso, Campo relata que o motivo da venda de cocaína aos EUA era a necessidade de conseguir fundos para as eleições parlamentares realizadas à época e ajudar na campanha de Cilia ? que havia se candidatado a uma das vagas legislativas. O governo de Maduro tentava manter o controle da Assembleia Nacional, cuja maioria dos assentos hoje pertence à oposição. As informações, no entanto, foram desmentidas posteriormente pelo acusado logo depois de ter sido preso no Haiti em outubro de 2015.

? Eu sei que disse isso, mas na realidade o dinheiro era para mim ? disse Campos, ao ser perguntado por autoridades se ele podia imaginar o efeito que aquelas declarações teriam sobre a opinião pública.

Esta é a primeira prova que vem a público no caso que estabelece uma relação direta entre Efraín Campo, Francisco Flores, Nicolás Maduro e Cilia Flores. Os dois sobrinhos são acusados de levar 800 quilos de cocaína aos EUA. A história eleva as tensões entre Caracas e Washington, que já são altas neste momento de turbulência política na Venezuela.