Cotidiano

Sobram vagas em abrigo montado para moradores de rua em São Paulo

SÃO PAULO – Na primeira noite do abrigo provisório montado para receber moradores de rua, na Galeria Prestes Maia, centro de São Paulo, sobraram vagas, segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. Com capacidade para receber 500 pessoas, o abrigo recebeu apenas 232. Quem dorme na rua, tem deixado para trás os cobertores doados após uma onda de frio intenso. Na manhã desta quarta-feira, a Prefeitura recolheu centenas deles, que estavam amontoados no Largo São Francisco, região central.

Na semana passada, o prefeito Fernando Haddad (PT) se envolveu em uma polêmica ao afirmar que há uma orientação para “não deixar favelizar” as praças públicas da cidade. A Pastoral de Rua de São Paulo denunciou que guardas civis metropolitanos teriam tomado cobertores e outros pertences de moradores de rua, embora o petista tenha dito que o recolhimento de pertences pessoais de moradores de rua por agentes públicos estava proibido.

Após a declaração, pressionado e acusado de ser “higienista”, Haddad pediu desculpas e anunciou medidas para a população de rua, como a montagem de tendas em praças da cidade, além da assinatura de um decreto que reforça a proibição da retirada de pertences pessoais.

Para o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral da Rua, a administração municipal precisa mudar a estratégia no que diz respeito aos abrigos para conseguir maior adesão dos moradores.

– Essas soluções são administrativas, não humanas. Falta diálogo e compreensão. Precisa reavaliar esse programa, conversar com os moradores de rua para entender o porquê eles não querem ir ao abrigo.

Sobre o recolhimento de cobertores, a Prefeitura informou, em nota, que em função da grande quantidade de cobertores doados nos últimos dias, “o material foi tratado como descartável pelos eventuais usuários e, em função disso, a subprefeitura da Sé está providenciando a coleta do material abandonado”.