Cotidiano

Sob protestos, governo britânico defende visita de Donald Trump

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LONDRES ? O governo britânico defendeu a sua decisão de convidar o presidente americano, Donald Trump, para uma visita de Estado. Nesta segunda-feira, o Parlamento se reuniu para debater uma petição assinada por 1,8 milhão de pessoas contra a viagem do republicano ao Reino Unido. Enquanto manifestantes e parte dos parlamentares criticaram a visita e as políticas do chefe da Casa Branca, o governo afirmou que quer reafirmar sua relação especial com os Estados Unidos.

O convite para a visita de Trump veio da primeira-ministra britânica, Theresa May, em sua viagem à Casa Branca. Segundo o governo, o país precisa garantir uma boa relação comercial com os Estados Unidos no momento em que se prepara para deixar a União Europeia.

? Sob a luz da função absolutamente crucial dos Estados Unidos, nós acreditamos que seja inteiramente correto que nós usemos todas as ferramentas à nossa disposição para construir um terreno comum com o presidente Trump ? disse Alan Duncan, deputado conservador e ex-ministro, ao Parlamento, classificando a visita de Trump como a mais importante ferramenta diplomática neste momento.

No Reino Unido, qualquer abaixo-assinado que tiver mais de cem mil signatários é levado ao Parlamento para ser debatido sem compromisso. Ou seja, o governo não é obrigado a mudar sua posição na discussão simbólica.

Os pronunciamentos de parlamentares contra o presidente americano incluíram críticas às suas políticas anti-imigração e de exclusão a minorias. O deputado Alistar Carmichael disse que a premier britânica, Theresa May, teve uma atitude “catastróficamente errada” ao oferecer uma visita de Estado a Trump na primeira vez em que viajou a Washington.

? Se nós estamos oferecendo uma visita de Estado agora, o que vamos oferecer a ele em seguida, quando precisarmos de um favor? As jóias da coroa? ? disse o parlamentar no debate, segundo o “Guardian”.

Em visitas formais, os líderes estrangeiros são recebidos como hóspedes da rainha e ficam na Palácio de Buckingham. Durante os 65 anos de reinado, a soberana recebeu muitos líderes envolvidos em polêmicas, como o presidente russo, Vladimir Putin, e o último ditador romeno, Nicolae Ceausescu. Em 2015, a visita do presidente chinês, Xi Jinping, gerou protestos de grupos tibetanos e ativistas de direitos humanos.

O debate desta segunda-feira reuniu cerca de 7 mil manifestantes do lado de de fora do Parlamento em Londres. O convite a Trump desencadeou uma forte oposição, especialmente depois da ordem executiva do republicano de vetar a chegada aos Estados Unidos de refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana. Milhares de pessoas do Reino Unido se posicionaram contra a medida. Até mesmo o prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu para que o governo reconsideração a visita devido ao, em suas palavras, cruel veto migratório ? suspenso, mais tarde, por um tribunal federal.

? Este protesto é sobre a ascensão do ódio e do extremismo que Trump personifica. Não é apenas sobre ela, mas ele representa o que está acontecendo no mundo neste momento ? disse o manifestante Alison Dale, de 61 anos.

Presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, deixou de lado sua habitual neutralidade e disse que Trump não deveria ser convidado para discursar no Parlamento enquanto ele estiver no Reino Unido ? privilégio concedido ao seu antecessor, Barack Obama. As datas para a visita ainda não foram anunciadas, mas as expectativas são de que aconteça esse ano.