Cotidiano

Site do GLOBO 20 anos: Jornal on-line promoveu o leitor a ombudsman em tempo real

RIO ? Em julho de 1996, a primeira versão do ?Globo On? foi ao ar, com toda a pompa devida, para os cerca de ?1 milhão de brasileiros ligados à internet?, conforme noticiou a versão impressa do jornal na época. Hoje, o número de internautas no país já ultrapassou a marca dos cem milhões. Nessas duas décadas, a ?rede de computadores? ganhou capacidade, velocidade e importância, além da companhia de smartphones, tablets e uma infinidade de dispositivos eletrônicos. O mundo mudou, e o jornalismo acompanhou essas mudanças, que serão debatidas no próximo dia 28, em evento produzido pelo GLOBO para celebrar os 20 anos do ingresso do jornal no ciberespaço.

Leonardo Pimentel, um dos editores da capa do site do GLOBO, acompanhou de perto essas mudanças. Há 20 anos o jornalista ocupava o cargo de editor da Agência O GLOBO, que fornecia o conteúdo em tempo real para o site. Segundo ele, nesse período aconteceu uma profunda mudança cultural, tanto da parte do leitor como do profissional responsável pela produção das notícias.

? Hoje, jornalista vai para a rua e pensa em gravar um vídeo para enriquecer a reportagem, algo inimaginável na época em que o site foi criado ? lembra Pimentel. ? No início, o máximo que o leitor conseguia fazer era comentar. Hoje, ele interage com a gente, contribui com fotos e vídeos e faz críticas, como um ombudsman em tempo real.

No início, o ?Globo On? se limitava a reproduzir reportagens produzidas para o jornal e conteúdo fornecido para Agência O GLOBO. Fotografias eram artigo raro, já que a velocidade de conexão dos leitores era contada em dezenas de kilobits por segundo. Vídeos eram impensáveis: o YouTube nem existia. A interação entre os internautas acontecia em salas de bate-papo, mIRC e ICQ, protótipos de redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas para celular.

O celular, aliás, só servia para fazer chamadas, e custava uma fortuna. O iPhone, percursor da revolução mobile, foi lançado por Steve Jobs apenas em 2007, mas só ganhou gás no ano seguinte, com o iPhone 3G. Antes disso, o ?Globo On? passou pela primeira grande reformulação em 2001. Naquele ano, a internet mostrou sua importância ao jornalismo com a cobertura do atentado terrorista ao World Trade Center. Na ocasião, o site do GLOBO bateu o recorde de audiência até então, com 162 mil visitas. Em março deste ano, em meio ao processo de impeachment, o site do GLOBO registrou mais de 145 milhões de pageviews.

? Há 20 anos eram 1 milhão de internautas no Brasil, hoje, uma matéria pode alcançar mais de 1 milhão de visualizações ? compara Pimentel.

Cristina de Luca, colunista de Tecnologia da rádio CBN, foi uma das consultoras do projeto de criação do ?Globo On?, onde foi editora entre 1995 e 2000. Ao longo dos últimos 20 anos, ela acompanhou de perto o surgimento de novas tecnologias e seu impacto sobre a produção jornalística.

? Todas as tecnologias relacionadas com comunicação e registro impactaram no jornalismo ? diz Cristina. ? Primeiro foi o computador substituindo a máquina de escrever, depois vieram as tecnologias de transmissão, que mudou o horário de fechamento das redações. A internet se tornou uma ferramenta importantíssima, seja para distribuir como para apurar. E novas tecnologias vão continuar surgindo, como o Big Data e a inteligência artificial. Mas tudo isso é ferramenta, a essência do jornalismo continua a mesma.

As mudanças no fazer jornalístico e os impactos da tecnologia na vida das pessoas serão abordados no evento ?Evolução das mídias na era digital?, que acontece no dia 28 de julho no Senac Rio, que fica na rua Marquês de Abrantes, 99, Flamengo. Na programação estão debates sobre a produção de conteúdo dos jornais e as mídias sociais; as transformações na economia e no consumo: dos sites de vendas, economia colaborativa ao aplicativos de serviços; a força do vídeo e o conteúdo imersivo; transformação e disrupção: a evolução dos mercados digitais de música, vídeo, notícias e a publicidade; Big Data, jornalismo investigativo e novas formas de produção de conteúdo; e como sobreviver ao mundo digital e internet das coisas.