Cotidiano

Sistema Fiep contribui para qualificar e inserir pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Ações aumentam qualidade no ambiente de trabalho e valorizam o ensino direcionado a pessoas com necessidades específicas

Neste sábado (3), é celebrado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. A inclusão desse público no ambiente de trabalho é uma questão social importante e amparada legalmente no Brasil, por meio da Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146/2015. A Lei determina que a inclusão das pessoas com deficiência no trabalho deve ser “competitiva, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no ambiente de trabalho”.

 

Nesse sentido, a indústria no Paraná tem trabalhado para a melhoria do acesso da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho, por meio de programas e iniciativas do Sistema Fiep.

 

Capacitação

 

Um exemplo é o Programa Senai de Ações Inclusivas (Psai), implantado em 2001, e que está presente nos 26 Departamentos da federação, por meio da Coordenação do Departamento Nacional e dos interlocutores em cada uma das regionais do Senai. Um dos objetivos do programa é a inclusão de pessoas com necessidades educacionais específicas nos cursos regulares de educação profissional, porta de entrada para o trabalho na indústria. Segundo a coordenadora do Psai no Paraná, Jocimara Alves, o programa “perpassa todas as modalidades da educação profissional, desde a aprendizagem até a pós-graduação”.

 

Com o Psai, as unidades do Senai contam com profissionais capacitados para o ensino voltado para pessoas com deficiência, atendendo às necessidades de cada uma delas e respeitando suas limitações. As escolas possuem estrutura física adequada e os cursos funcionam de modo a atender as especificidades de cada tipo de deficiência. De acordo com Jocimara, é simples participar do programa: basta verificar qual o curso desejado e realizar a matrícula na unidade mais próxima do Senai. Em 2016, no Paraná, foram incluídas no programa 469 pessoas com deficiência.

 

A ex-aluna do Senai Giseli Silvestre, integrante do programa em Maringá, no Noroeste do Paraná, e participou da Olimpíada do Conhecimento 2016 do Senai, em Brasília, em novembro deste ano, ajudando o estado a chegar em segundo lugar entre os estados participantes do evento. Giseli Silvestre concorreu na categoria de Pessoa com Deficiência (PcD) na competição de Costureiro Industrial e ganhou a medalha de ouro na prova. Ela enfrentou nove participantes. Todos tiveram que confeccionar uma camiseta polo em cinco horas, e uma saia cargo em seis horas.

 

Consultoria

 

Depois de sair da instituição qualificado para o mercado, é importante que a indústria também possa absorver o trabalhador com necessidades especiais. Por isso, o Sesi no Paraná oferece programas voltados exclusivamente para a promoção de direitos das pessoas com deficiência.

 

A Consultoria para PcD, em funcionamento desde o ano passado, ajuda as empresas do estado – e de todo o país – a fazer as adequações necessárias para proporcionar qualidade no ambiente de trabalho, com base na norma técnica que rege o tema (NBR 9055). “O principal objetivo do Indústria Acessível é viabilizar e incentivar a inclusão no ambiente da indústria, muitas vezes em setores onde até então não eram perceptíveis possibilidades de trabalho para pessoas com deficiência”, explica o engenheiro de segurança do Sesi no Paraná Felyppe Blum.

 

O serviço já atendeu empresas como Klabin, Unimed e a BRF Alimentos – esta, por exemplo, teve 12 unidades mapeadas pelo Sesi, no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. A intenção é levar o modelo paranaense para as outras unidades do país, já que, de acordo com a Lei nº 8.213/91, a empresa com 100 ou mais funcionários é obrigada a preencher de 2% a 5% dos cargos com beneficiários reabilitados pelo INSS, ou pessoa portadora de deficiência.

 

O mapeamento de acessibilidade na empresa é completo: vai desde a adequação dos postos de trabalho, passando pela indicação de funcionário para determinada função e treinamentos com toda a equipe para recepção do colega com deficiência. A avaliação é multidisciplinar, ou seja, envolve profissionais de diferentes áreas.

 

A primeira medida é de adequação dos espaços, como rampa para cadeirantes, sinalização tátil para deficientes visuais, banheiros adaptados, entre outros ajustes, conforme a norma técnica. Para realizar esse trabalho, o Sesi desenvolveu um aplicativo de celular que realiza o mapeamento do espaço e o sincroniza com uma plataforma web, o que reduz pela metade o tempo de entrega do diagnóstico.

 

A Consultoria para PcD também orienta as indústrias e empresas a oferecer cargos adequados para colaboradores com deficiência. Outro trabalho é de conscientização de toda a empresa, com o auxílio de psicólogos, que fazem uma análise da impressão dos colaboradores em relação às pessoas com deficiência. “Isto é possível por meio da da integração das plataformas web e mobile e de uma equipe multidisciplinar, que analisa e cruza  informações, tornando mais ágil o processo de identificação de postos de trabalho para deficientes, bem como aponta as mudanças necessárias dentro da empresa com relação à acessibilidade arquitetônica. Toda a coleta de dados é feita em campo, com smartphones utilizando aplicativo exclusivo do Sesi”, completa Felyppe.

 

Os interessados em contratar a Consultoria para PcD no Paraná podem entrar em contato pelo e-mail e telefone: [email protected] e 41-3271-9663. Para outros estados do Brasil, é só contatar a unidade Sesi mais próxima.

 

Estudo

 

Outro braço da Fiep, a Faculdade da Indústria IEL também pode ser citada como fomentadora da promoção dos direitos da pessoa com deficiência. Um dos três projetos de extensão da instituição que foram contemplados pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (Pibex), da Fundação Araucária de Apoio e Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná (FA), é direcionado para as pessoas com deficiência.

 

O objetivo do programa de bolsas é incentivar a participação de alunos de graduação a desenvolverem atividades de extensão universitária e aproximar os alunos de atividades científicas, tecnológicas e de inovação. Com a aprovação pela fundação, os projetos, com duração programada de um ano, recebem R$ 40 mil.

 

Desenvolvido em parceria com o Núcleo de Relacionamento com Alunos e Comunidade da Faculdade da Indústria IEL, o Programa de Inclusão Social de Bolsas (Pibis) foi elaborado por alunos portadores de deficiência, orientados por professores do curso de Sistemas de Informação (BSI). Os estudantes farão pesquisas sobre programas de tecnologia que apoiam a aprendizagem nas várias deficiências, ampliando a ideia de inclusão. Com o resultado da pesquisa em mãos, o grupo vai atuar na divulgação dos programas com foco na facilitação da aprendizagem de jovens também portadores de deficiência em diversas instituições de ensino.