Cascavel – Com o recrudescimento da pandemia e a falta de expectativa de alívio no curto prazo, a direção do Show Rural Coopavel decidiu cancelar o tradicional evento, que costuma atrair quase 300 mil pessoas por ano, e adaptá-lo em um novo formato, muito mais técnico e de proporções bem menores.
Essa é a segunda mudança do evento, que já tinha sido adiado da primeira de semana de fevereiro para a última de março, na aposta que a situação estivesse mais tranquila. Agora, as visitações só acontecerão com agendamento e estendidas ao longo do mês de março, sem concentrações.
Conforme a direção, pequenos grupos de produtores rurais e técnicos da área de abrangência da cooperativa serão formados para conhecer novidades de tecnologia para a agricultura apresentadas por 40 empresas que já cultivaram suas parcelas no parque. “Mesmo com a diminuição no número de pessoas na área, vamos empregar um rigoroso protocolo de segurança, tudo para fazer com que a visita seja a mais proveitosa possível”, segundo Dilvo Grolli, presidente da Coopavel.
As novidades preparadas para a 33ª edição vão ser apresentadas a agricultores do Brasil e do mundo pelos canais de mídias sociais do Show Rural Coopavel.
A expectativa da organização central do Show Rural Coopavel é de que a normalidade, com um evento com a presença dos mais importantes e destacados setores da cadeia do agronegócio, ocorra em 2022. A data da edição do ano que vem já foi definida, será de 7 a 11 de fevereiro.
Prejuízos
O Show Rural é o maior evento de Cascavel e região e costuma movimentar toda a rede hoteleira e gastronômica. Seria o “natal” desse segmento.
O anúncio do cancelamento da edição deste ano frustrou empresários que aguardavam a movimentação da economia durante os dias de feira. Mas não chegou a ser uma surpresa. Até porque, a procura estava 70% menor que o mesmo período do ano passado.
De acordo com o dono de um hotel Luis Felipe Casagrande, a aposta era que a procura melhorasse até o começo de fevereiro, o que já vinha acontecendo, mas a notícia do cancelamento desanimou o setor. “Era a pá de cal que faltava para nós, do ramo de turismo e eventos. Somos o setor mais afetado economicamente pela pandemia, porque não temos alternativas. A educação recorre ao sistema on-line, os restaurantes oferecem o delivery, mas nós não temos o que fazer. A feira de negócios era nossa esperança. Nossa ocupação estava começando a melhorar e estávamos até mais otimistas. Infelizmente, agora, muitas empresas vão ficar pelo caminho, a não ser que apareça uma luz no fim do túnel”, desabafa.
Em outro hotel, no Centro da cidade, o telefone não parou de tocar ontem. “Das 30 reservas que tínhamos garantidas, 21 já foram canceladas pelos hóspedes ainda no período da manhã”, disse o gerente. “O pior é que não dá nem para sugerir que mantenham para o ano que vem, porque muita coisa deve acontecer até lá. Não dá para ‘pré-reservar’ com um ano de antecedência”.
O setor imobiliário também sente o prejuízo. A gestora de locação de uma das maiores imobiliárias da cidade, Anna Claudia Botelho, explica que a procura por casas e apartamentos para os dias da feira já havia diminuído pela metade com relação a 2020, porém, alguns contratos para este ano já estavam até assinados. “Tínhamos 25 contratos fechados. Ontem encaminhamos mais um para um cliente que, com certeza, vai cancelar. Neste momento, estamos fazendo o processo de cancelamentos dos documentos e estornando os valores que os clientes já tinham pago”.
A presidente do Cascavel Convention & Visitors Bureau, Silvana Luiza Ribeir, que também representa o Núcleo de Hotelaria e Turismo, Núcleo de Eventos da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) e integra o Conselho Municipal de Turismo, ressalta a importância do evento. “Estamos muito tristes. É a maior feira do agronegócio do Paraná e que movimenta a economia do trade turístico de Cascavel e de toda a região. O setor de eventos amarga perdas por um longo período e está ficando insustentável. Comentava que a feira de 2020 foi a salvação para vários empresários porque, com o faturamento, conseguiram manter seus negócios nos meses de pandemia. Agora, infelizmente, este ano, precisamos pensar em estratégias para que as empresas não quebrem”, lamenta Silvana.
