Esportes

Shirlene Coelho será a porta-bandeira do Brasil na Paralimpíada

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Shirlene
Coelho, atual campeã paralímpica em sua categoria no lançamento de dardo e atual
recordista mundial na prova, foi eleita a porta bandeira do Brasil na cerimônia
de abertura dos Jogos do Rio, nesta quarta-feira, no Maracanã. É a primeira
mulher a receber tal honra em paralimpíadas.

JOGOS PARALÍMPICOS 04-09

Foi a primeira vez que houve eleição para o cargo. Até então, a escolha era
baseada na indicação dos chefes de missão. Desta vez, todos os 287 atletas
brasileiros tiveram direito a voto. Os candidatos precisavam ter, ao menos um
ouro paralímpico, e não podiam ter prova no dia seguinte à cerimônia.

Assim, Shirlene
concorreu com outros 18 atletas paralímpicas, sendo 17 homens. A segunda mulher
era Roseane Ferreira, dona de dois ouros em Sydney-2000 (lançamento do disco e arremesso do
peso). Shirlene
obteve 20% dos votos e derrotou o judoca Antônio Tenório (18%), ouro em
Atlanta-1996, Sydney-2000,
Atenas-2004 e Pequim-2008, e o velocista Yohansson Nascimento (11%), campeão nos 200m em
Londres-2012.

? Votei em mim mesma (risos) mas não esperava ganhar – disse Shirlene, assim que soube da notícia ? Ainda estou
em choque e muito feliz. Fui a duas Paralimpíadas e essa, no Rio, será muito mais
especial.

O último porta-bandeira, em Londres-2012, foi o nadador Daniel Dias. Em
Pequim-2008, foi Tenório; e em Atenas-2004, o nadador Clodoaldo Silva.

? Shirlene
começou no esporte paralímpico já adulta e em duas Paralimpíadas foi prata e depois ouro. Manteve os
resultados expressivos nesse ciclo e era mais do que merecido. Fico muito feliz
que uma mulher tenha essa honra ? disse Edilson Alves da Rocha, o Tubiba, chefe de missão
do Brasil nos Jogos do Rio, que organizou a eleição.

Shirlene
teve paralisia cerebral ainda durante sua gestação (hemiplegia) e perdeu parte
dos movimentos do braço e da perna esquerdos. Servia café e limpava mesas em uma
empresa de recursos humanos, em Brasília. A mãe, Maria, hoje com 52 anos, até
hoje trabalha com serviços gerais.

Shirlene
começou no esporte aos 24 anos e por acaso. Foi ao Clube Cetefe, que auxilia deficientes a se recolocarem
no mercado de trabalho, para levar seu currículo. Lá, foi convidada a jogar
basquete em cadeira de rodas. Não se adaptou e preferiu as provas de campo.

Já na sua estreia, em um torneio nacional em Uberlândia, ela bateu o recorde
brasileiro do lançamento de dardo. Desde então, nunca saiu de uma competição sem
medalha.

? Vou tentar beliscar a medalha no disco e no peso também ? promete Shirlene, que ainda sonha em ser mãe e é casada há
sete anos com Jesse, 31
anos, motorista de caminhão-guincho.