RIO ? A ideia pode parecer loucura, mas está sendo posta em prática pelo empreendedor social dinamarquês Michael Lodberg Olsen. Ele é o idealizador da ?sexelance?, uma ambulância modificada que serve como local de trabalho para prostitutas na capital dinamarquesa, Copenhague. Com bom humor, Olsen brinca, dizendo que a suspensão do veículo pode agradar clientes e profissionais do sexo.
? Nós pensamos em colocar algo para parar com isso ? disse Olsen, em entrevista ao ?Guardian?. ? Mas depois pensamos que as pessoas podem gostar disso.
Na parte traseira da ambulância, um adesivo deixa claro a função do veículo: ?não venha bater se o carro estiver balançando?. O interior não oferece muito conforto, nem mesmo uma cama. Apenas um local seguro e discreto para o sexo.
? Elas não estão acostumadas com uma cama. Isso é comparável a um carro ou uma cabine telefônica ? diz Olsen, reconhecendo que algumas garotas de programa sugeriram que o interior fosse mais confortável. ? Elas gostariam que fosse melhor, com algumas cores vermelhas, em vez do visual estéril, é uma possibilidade. A chave para a gente é escutar ao máximo possível as necessidades dos profissionais do sexo.
O objetivo é oferecer segurança para as garotas de programa que trabalhar nas ruas de Copenhague. Um cartaz no interior informa às prostituas que voluntários irão chamar a polícia no primeiro sinal de violência e as encoraja a fazer contato se elas forem vítimas de tráfico de pessoas.
? Se você olhar para as trabalhadoras do sexo nas ruas, 42% já sofreram ameaça de violência, mas num bordel são apenas 3% ? justificou Olsen, citando estatísticas do Centro Nacional Dinamarquês para Pesquisas Sociais. ? Existe muita violência para quem trabalha nas ruas, então é isso que estamos querendo lidar.
A Dinamarca legalizou o comércio de sexo em 1999, mas é ilegal fazer lucro sobre outra pessoa vendendo sexo. Então, é muito difícil para profissionais do sexo conseguirem alugar espaços para os programas ou contratar motoristas ou seguranças. A ?sexelance? foca exatamente neste problema. O uso da ambulância é gratuito, e ela é mantida por doações.
? Talvez não funcione, a gente não sabe, mas pelo menos estamos tentando ? disse Susanne Møller, prostituta que se tornou ativista da ONG Sex Workers? Interest Organisation, parceira de Olsen na iniciativa. ? Muitas pessoas falam sobre a violência nas ruas contra as prostitutas, mas pouquíssimas fazem algo sobre isso.
Essa não é a primeira iniciativa de Olsen visando a redução de danos para populações em situação de risco. Em setembro de 2011, ele lançou a ?fixelance?, também numa ambulância modificada para ser a primeira instalação para injeção segura de drogas na Dinamarca, que ajudou a mudar a política nacional de drogas. Hoje, existem cinco instalações permanentes no país e o veículo original é exibido no Museu Nacional da Dinamarca.
Em 2013, ele lançou a ?Illegal!?, uma revista sobre drogas que dá aos dependentes uma fonte de renda além do roubo e da prostituição. O sucesso foi tamanho que foram lançadas edições em Londres e San Francisco, na Califórnia. Outro projeto de Olsen foi o ?Pirate?, caixas colocadas perto de lixeiras para latas e garrafas, para facilitar a coleta por catadores.