Cotidiano

Servidores federais custam 7 vezes mais do que privados

Brasília – O rombo de R$ 268 bilhões na Previdência divulgado nesta semana pelo Ministério da Fazenda deixa claro de que forma esse resultado negativo é formado.

Entre os números que podem ser observados estão os que mostram a diferença entre os benefícios pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para trabalhadores da iniciativa privada e os gastos da União com funcionários públicos federais.

Segundo dados da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, ao todo a União paga por ano, em média, cerca de R$ 126 mil para cada funcionário público. Média de R$ 9,69 mil mensais, considerando 13º salário. Até dezembro de 2017, quase 980 mil funcionários públicos recebiam o benefício em todo o País.

Em contrapartida, o INSS paga, em média, cerca de R$ 16 mil por beneficiado da iniciativa privada. Ou seja, R$ 1.230 por mês. No entanto, atende a mais de 34 milhões de pessoas.

Isso significa que a diferença entre os valores pagos passa de sete vezes. Ou seja, são necessários mais de sete beneficiários do INSS para pagar apenas um dos funcionários públicos da União, incluindo militares. “Você tem uma diferença de valor de benefícios gigantesca. A média de aposentadoria no Poder Legislativo, por exemplo, em 2016, foi de R$28 mil. Enquanto no INSS o valor da aposentadoria ficou em torno de R$ 1.200”, acrescenta o coordenador de Previdência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Rogério Nagamine.

Desigualdade social

Relatório produzido pelo Banco Mundial divulgado em novembro passado constatou que o Brasil gasta mal o dinheiro e de forma desequilibrada, principalmente na questão do funcionalismo público.

Segundo os dados do levantamento, servidores públicos federais recebiam salários em média 67% maiores que os dos outros trabalhadores. Esse gasto representou algo em torno de 1,2% do PIB de 2016, ano utilizado para a análise.

Segundo o economista-chefe do Banco Mundial, Antonio Nucifora, tanto a gestão federal, como as estaduais e as municipais, utilizam o dinheiro público de forma ineficiente. “Os salários altos não apenas indesejáveis do ponto de vista da eficiência do gasto público, porque você não precisa pagar tanto para atrair recursos humanos de boa qualidade, mas também contribuem para a perpetuação da desigualdade social no País. Porque os servidores públicos já têm renda alta em comparação com o restante da população”, destacou Antonio.

A votação da Reforma da Previdência é uma das prioridades do governo em 2018. A expectativa é de que o texto seja votado no Congresso ainda no mês de fevereiro.