Cotidiano

Serra defende liberalização de mercados com contrapartidas

HANGZHOU – Depois das primeiras rodadas de conversas entre os líderes das 20 nações mais ricas do mundo, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, defendeu a liberalização de mercados desde que com contrapartida. A onda de protecionismo pelo mundo é um dos principais temas das discussões em Hangzhou. Mas, segundo o ministro, muitos pregam o fim das barreiras comerciais e não praticam.

? Livre comércio tem que ser livre comércio. Hoje, eu vi chefes de Estado ou de governo que são cada vez mais protecionistas clamando pelo livre comércio. Está tudo gravado. Hoje, é muito fácil se falar em livre comércio, mas continua sendo muito difícil praticá-lo.

O protecionismo foi um dos pontos destacados pelo presidente da China, Xi Jinping, em seu discurso de abertura, como um das questões que devem ser tratadas pelo grupo do G-20, e esforço para combatê-lo deve constar da declaração final da cúpula.

Ele rebateu críticas de que o Brasil seria uma economia fechada mais do que a média mundial:

? Isso é folclore.

Perguntado sobre dados da Câmara de Comércio Internacional, que estabelece um ranking, que o Brasil aparece entre os países que mais impõem barreiras comerciais, Serra rebateu:

? São dados furados. Você nunca viu essa câmara analisar o que significa a Noruega dar 80% de subsídio à produção agrícola. Ou seja, se você produz 100 maçãs na Noruega, que equivalem a 100 unidades monetárias de lá, o governo dá 80 além dos 100 que eles cobram. Para você ter uma ideia. Isso tudo não é avaliado. Segundo, o que vale é tarifa ponderada. Você precisa pegar o dado do volume total que é arrecadado com tarifas com imposto de importação e dividir pelo total de importações. Aí você vai ver que o Brasil não tem essa posição que reafirmam. Só para completar. Não sou contrário que abramos a economia não. Eu sou a favor da reciprocidade. Toma lá, dá cá. Comércio tem que ser isso.