Cotidiano

Serra concede passaportes diplomáticos ao pastor R.R. Soares e sua mulher

RIO – De acordo com portaria publicada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira, o ministério das Relações Exteriores, sob o comando de José Serra, concedeu passaportes diplomáticos ao pastor Romildo Ribeiro Soares, mais conhecido como R.R. Soares, e a sua mulher, Maria Magdalena Rezende Ribeiro Soares. Os documentos foram solicitados em nome da Igreja Internacional da Graça de Deus, liderada por R.R., no último dia 16 de junho e têm validade de três anos. Em 2013, com Antonio Patriota à frente do Itamaraty, o casal já havia adquirido acesso ao passaporte especial em “caráter de excepcionalidade”.

Considerado pela revista “Forbes” o quarto pastor mais rico do Brasil, com fortuna avaliada em R$ 412 milhões, Soares é casado com a irmã de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Com mais de 5 mil igrejas espalhadas pelo mundo, o pastor é figurinha fácil em horários loteados na TV aberta, onde contabiliza cerca de 100 horas semanais de aparição com seu programa “Show da fé”.

Dentre aqueles com direito ao documento especial, segundo o art. 6º do decreto 5.978, assinado pelo ex-presidente Lula, estão figuras como: governadores, ministros do STF, chefes de missões diplomáticas, militares em missões a serviço da ONU e a procuradores da República. No entanto, não estão entre os contemplados líderes religiosos de qualquer crença.

Entre as vantagens, quem possui passaporte diplomático tem acesso à fila de entrada separada e tratamento menos rígido nos países com os quais o Brasil tem relação diplomática. Em alguns países que exigem visto, o passaporte diplomático o torna dispensável. O documento é emitido sem nenhum custo para a autoridade e seus dependentes.

Polêmica e promessas

Há pouco mais de um mês, Serra enfrentou uma polêmica ao renovar o passaporte diplomático do pastor investigado pela Lava Jato Samuel Ferreira e de sua mulher, Keila Campos Costa Ferreira. À época, o ministro prometeu reavaliar a política de concessão deste tipo de documento.

Samuel é presidente da Assembleia de Deus Madureira, localizada em São Paulo. Seu nome está sendo investigado pela Operação Lava Jato. No último dia 11 de maio, o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu manter a determinação do juiz Teori Zavascki, que remeteu para o juiz Sergio Moro investigação envolvendo lavagem de dinheiro para o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) por meio da igreja e do pastor Samuel