BRASÍLIA – O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que todos os países democráticos do mundo deveriam defender o referendo que pode decidir pela troca do governo na Venezuela. Ele criticou duramente o país, que pretende assumir a presidência do Mercosul. Falou que o país entrou no bloco num golpe e que, quando mudar o governo autoritário daquele país, o Brasil está disposto a ajudar na reconstrução.
Após receber dois representantes da oposição venezuelana ? o exilado Carlos Vecchio e Luiz Florido, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembléia Nacional ?, José Serra afirmou que o regime naquele país é autoritário e que a Venezuela está sem rumos neste momento. Defendeu a urgência do referendo que pode confirmar ou não governo no poder. Lembrou que se isso não for feito logo, Maduro poderia fazer uma manobra para colocar o vice-presidente no poder e manter grupo político atual no comando do país.
? Todos os países democráticos do mundo devem pressionar a Venezuela a fazer o referendo ? disse o ministro, que ainda atacou:
? A Venezuela entrou no Mercosul num golpe. A Venezuela não tem condições de assumir o Mercosul.
Serra lembrou que o Mercosul suspendeu o Paraguai por causa de um processo constitucional de impeachment com o apoio dos presidentes de esquerda do Brasil, da Argentina e do Uruguai na época. Com isso, o único oponente à entrada da Venezuela no bloco foi impedido de votar e a Venezuela conseguiu entrar no bloco, já que a decisão tem de ser unânime.
Brasil, Argentina e Paraguai querem evitar que o governo de Nicolás Maduro assuma a presidência do Mercosul. Ontem, Serra disse que a Venezuela não cumpriu os requisitos inclusive os democráticos e os humanitários. Uma das cláusulas do bloco econômico é o livre trânsito de pessoas. Serra lembrou que há presos políticos, uma condição imprópria para uma democracia.
? Desfeito o governo autoritário, a Venezuela pode contar com o Brasil para ser reconstruída. Falo em nome do governo brasileiro ? prometeu o ministro, que lamentou o fato de Maduro não aceitar remédios oferecidos pelo Brasil.