Cotidiano

Série sobre a KKK é cancelada após indícios de que personagens teriam sido pagos pela produção

LONDRES ? Um documentário detalhando a vida dos membros da Ku Klux Klan foi cancelado depois da revelação de que os participantes haviam sido pagos pelos produtores. Dividida em oito episódios, a série ?Escaping the KKK? (Fugindo da KKK) segue três membros do alto escalão do grupo e suas famílias nos estados de Mississippi, Geórgia e Tennessee, nos Estados Unidos.

O primeiro capítulo estava previsto para ir ao ar no dia 10 de janeiro, mas a rede de televisão americana A&E mudou de ideia no último minuto após o surgimento de suspeitas sobre a ética da produção.

?Nosso objetivo com esta série sempre foi expor e combater o racismo e o ódio em todas as suas formas?, disseram funcionários do canal, em um comunicado no seu site. ?Entretanto, (a A & E soube) pelos produtores terceirizados que fizeram o documentário, que pagamentos em dinheiro ? identificados no momento como nominais ? foram feitos a alguns participantes para facilitar o acesso às filmagens?.

?Embora ainda acreditemos na série e na seriedade do seu conteúdo, esses pagamentos são uma violação direta das diretrizes e práticas da A&E para documentários?.

A rede já havia garantido ao público e aos seus parceiros que nenhum pagamento fora efetuado a ?membros de grupos de ódio?. Desde o anúncio da série, em meados de dezembro, houve fortes reações da opinião pública, com preocupações de que o documentário poderia estar ajudando a promover um grupo de ódio. No último sábado, a A & E confirmou que havia decidido não avançar mais com o projeto.

Os porta-vozes disseram que, apesar de a série sobre a KKK ter perdido a validade, a rede ainda planeja abordar questões sérias como ?racismo, ódio e violência?.

?O fato de esse programa específico ter sido suspenso não significa que as questões de ódio na América também foram?, declararam.

As filmagens de ?Escaping the KKK?, originalmente intitulada ?Generation KKK? (Geração KKK) começaram há 18 meses, pouco antes de a Ku Klux Klan apoiar publicamente o republicano Donald Trump para presidente. A série centra-se em três membros do grupo: Steven Howard, conhecido como o Feiticeiro Imperial da divisão dos Cavaleiros Brancos do Mississipi do Norte; Chris Buckley, um Grande Falcão dos Cavaleiros Brancos da Geórgia do Norte; e Richard Nichols, o Grande Dragão dos Cavaleiros do Tennessee do Império Invisível. O produtor da série, Aengus James, dissera previamente que sua intenção era mostrar o cotidiano dessas pessoas.

Em uma entrevista ao ?New York Times?, James declarou: ?Nós tínhamos uma posição, e deixamos claro para essas pessoas que esperávamos que elas tomassem consciência e saíssem desse mundo. É um ambiente incrivelmente destrutivo para qualquer um.?

Definido pela Liga Antidifamação dos Estados Unidos como um ?movimento racista, antissemita e com um compromisso com a violência extrema para atingir seus objetivos de segregação racial e supremacia branca?, a KKK tem um número estimado de 3 mil a 8 mil membros nos Estados Unidos.