Cotidiano

Sepultura dá continuidade a sua história em disco e filme

IMG_0278.jpgRIO – A decisão de Max e Iggor Cavalera de sair em turnê para celebrar os 20 anos do álbum ?Roots? (o show carioca aconteceu mês passado, no Imperator) não incomodou particularmente o guitarrista Andreas Kisser, que gravou com os irmãos o disco de 1996 e que hoje leva adiante o grupo Sepultura junto com o baixista Paulo Jr..

? Para eles, eu não sei, mas para o Sepultura, isso seria uma perda de tempo ? diz ele, em pleno trabalho de preparação para o lançamento de ?Machine Messiah?, o 14º disco de inéditas da banda brasileira de rock mais bem-sucedida no mundo, que saiu na sexta-feira. ? O ?Roots? é um disco fantástico, que influenciou muitas bandas. Parece que ele foi gravado hoje. Mas esse novo mostra o que somos hoje. Estamos em um momento fantástico, sempre experimentando, buscando influências novas. Queremos levar a música do Sepultura a um outro patamar.SEPULTURA_-_Machine_Messiah.jpg

Terceiro álbum do Sepultura pelo selo alemão Nuclear Blast (e o primeiro a ser lançado na América Latina pela Sony Music), ?Machine Messiah? foi gravado na Suécia, entre maio e junho, com o produtor Jens Bogren (de discos de Opeth, Kreator, Soilwork e Paradise Lost).

? É um tipo de disco que nunca tínhamos feito, tivemos que nos preparar física e musicalmente para gravá-lo ? explica Kisser, que passou por uma longa pré-produção com a banda, no Brasil, antes de embarcar para as gravações. ? Fizemos um disco pensando nos tempos do vinil, onde cabiam no máximo 10 músicas em disco. Compusemos faixas especialmente para abrir os lados A (a que dá título ao disco) e B (a épica ?Sworn oath?). É um disco old school, mas com música moderna. No mundo do metal ainda existe essa tradição de fazer álbuns.

SEPULTURA – Phantom Self (OFFICIAL VIDEO)Disco cheio de detalhes, que vão da arte da capa (da artista filipina Camille Della Rosa) à escolha dos estilos e formatos musicais (há até uma complexa faixa instrumental, ?Iceberg dances?), ?Machine Messiah? teve a participação de uma orquestra tunisiana de violinos nas faixas ?Phantom self? (que abre com uma batida de maracatu) e ?Sworn oath?. De resto, o álbum é a consagração da formação que inclui o baterista Eloy Casagrande (há cinco anos no grupo) e do vocalista americano Derrick Green, que em 2017 completa 20 anos de Sepultura (ele foi o substituto do fundador Max Cavalera, que saiu em 1996 e depois montou o Soulfly).

? Perder o Max foi o maior baque da nossa carreira, porque deixamos para trás tudo que havíamos conquistado em 10 anos. Ele saiu no meio da turnê do ?Roots?, o que foi muito inoportuno. Em 2006, o Iggor saiu também, mas nunca paramos ? diz Andreas, participante ativo de ?Sepultura, o filme?, documentário oficial da banda, dirigido por Otavio Juliano, que estreia em abril (e sai em busca dos festivais internacionais de cinema), com produção da Interface Filmes e distribuição da O2. Sepultura – O Filme Trailer #01 HD

Juliano passou seis anos dedicado às filmagens. Nesse período, acompanhou a banda por cinco continentes.

? Fizemos entrevistas com Scott Ian (Anthrax), Phil Anselmo (Pantera), membros do Slipknot, Motörhead e Megadeth… O doc vai das origens em Belo Horizonte até o momento atual, com imagens inéditas cedidas pelos membros da banda. E conta com o show dos 30 anos de carreira gravado em São Paulo exclusivo para o filme ? relata o diretor, que não contou com a colaboração dos irmãos Cavalera, fundadores do Sepultura. ? Honestamente, me dediquei mil por cento para realizar um doc completo mesmo sem os dois. Não ter a participação deles foi um desafio.

? Não é um filme para ficar lavando roupa suja. (Os últimos 20 anos) foram de reconstrução, crescemos no palco, viajamos, conhecemos vários países. Muitos se perguntaram se aquilo era o Sepultura, disseram o que o Sepultura deveria ser… Mas temos nossos fãs e nossos discos e seguimos trabalhando. Ficamos longe desse embate ? assegura Kisser, que acompanha de longe a reedição em vinil e CD, dia 27, de discos do Sepultura na caixa, a ?Roadrunner albums 1985-1996?. ? É um projeto com o qual não concordamos e do qual nem chegamos a participar da escolha da arte, infelizmente temos esse limite de ação. E se são os discos do Sepultura pela (gravadora) Roadrunner, onde estão os com o Derrick (?Against?, de 1998; e ?Nation?, de 2001)? Sepultura – Machine Messiah

Mês que vem, o Sepultura estreia o show de ?Machine Messiah? na Europa em turnê com os alemães do Kreator. E em abril, eles excursionam pelos Estados Unidos com Testament e Prong. Nada de Brasil na agenda, ainda. Mas o guitarrista se mostra confiante:

? O metal está num bom momento, as grandes bandas lançaram grandes discos, a começar pelo Big Four (Metallica, Slayer, Anthrax e Megadeth). Quando eles estão bem, levam todo mundo junto.