RIO ? A 38ª fase da Lava-Jato, deflagrada nesta quinta-feira, apura o pagamento de US$ 40 milhões de propinas ao longo de dez anos ? entre cujos beneficiários, segundo o Ministério Público Federal, estão senadores, diretores da Petrobras e outros parlamentares. A incursão, denominada ?Blackout?, mira operadores financeiros envolvidos em desvios na Petrobras.
Sem detalhar ou citar nomes, Mattos reforçou que os destinatários da propina são “pessoas que ainda estão no cargo, gozando de foro privilegiado” ? principalmente senadores. A PF detalhou que Jorge Luz, um dos principais alvos da nova fase, atua como lobista na Petrobras desde os anos 1980, embora a investigação tenha sido restrita à última década. Nesse período, ele foi um dos responsáveis pelo repasse dos US$ 40 milhões a funcionários da Petrobras e políticos.
Jorge e Bruno Luz, pai e filho, tiveram a prisão preventiva decretada e já são considerados foragidos da Justiça. O procurador Diogo Castor de Mattos confirmou que pai e filho estão nos Estados Unidos. De acordo com a PF, os dois atuavam em conjunto de forma “profissional, habitual e serial” em desvios na estatal petroleira.
Mais cedo, em nota, o ex-presidente do Senado Federal e atual líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou que conhecia Jorge Luz, mas que não o via há 25 anos. Em um primeiro momento, assessores haviam emitido que o senador não encontrava o operador há 10 anos ? versão depois classificada como “um erro”. No comunicado, Renan frisou que “a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero” e que “não tem e não teve operador”.
ATUAÇÃO ‘HABITUAL’ EM DESVIOS
Ligados principalmente a parlamentares do PMDB e funcionários da área internacional da Petrobras, Jorge e Bruno Luz criavam oportunidades de negócios para empresas nacionais e multinacionais em troca de uma comissão a ser dividida com parlamentares.
Segundo a PF, pai e filho geriam empresas dentro do país que recebiam recursos de empreiteiras investigadas na Lava-Jato e eram próximos a outro operador já preso na operação, João Augusto Henriques.
? Há todo um acervo provatório de que essas pessoas estiveram envolvidas de forma profissional, habitual e serial em crimes com valores expressivos de milhões de dólares na Petrobras ? ressaltou o procurador, que ainda frisou a necessidade dos pedidos de prisão preventiva diante da evasão de pai e filho aos Estados Unidos.
Segundo a PF, os dois vão responder por crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.