Cotidiano

Senadores estão entre beneficiários de US$ 40 milhões em propina, diz MPF

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RIO ? A 38ª fase da Lava-Jato, deflagrada nesta quinta-feira, apura o pagamento de US$ 40 milhões de propinas ao longo de dez anos ? entre cujos beneficiários, segundo o Ministério Público Federal, estão senadores, diretores da Petrobras e outros parlamentares. A incursão, denominada ?Blackout?, mira operadores financeiros envolvidos em desvios na Petrobras.

Operação Blackout (23/2)

Sem detalhar ou citar nomes, Mattos reforçou que os destinatários da propina são “pessoas que ainda estão no cargo, gozando de foro privilegiado” ? principalmente senadores. A PF detalhou que Jorge Luz, um dos principais alvos da nova fase, atua como lobista na Petrobras desde os anos 1980, embora a investigação tenha sido restrita à última década. Nesse período, ele foi um dos responsáveis pelo repasse dos US$ 40 milhões a funcionários da Petrobras e políticos.

Jorge e Bruno Luz, pai e filho, tiveram a prisão preventiva decretada e já são considerados foragidos da Justiça. O procurador Diogo Castor de Mattos confirmou que pai e filho estão nos Estados Unidos. De acordo com a PF, os dois atuavam em conjunto de forma “profissional, habitual e serial” em desvios na estatal petroleira.

Mais cedo, em nota, o ex-presidente do Senado Federal e atual líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou que conhecia Jorge Luz, mas que não o via há 25 anos. Em um primeiro momento, assessores haviam emitido que o senador não encontrava o operador há 10 anos ? versão depois classificada como “um erro”. No comunicado, Renan frisou que “a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é igual a zero” e que “não tem e não teve operador”.

ATUAÇÃO ‘HABITUAL’ EM DESVIOS

Ligados principalmente a parlamentares do PMDB e funcionários da área internacional da Petrobras, Jorge e Bruno Luz criavam oportunidades de negócios para empresas nacionais e multinacionais em troca de uma comissão a ser dividida com parlamentares.

Segundo a PF, pai e filho geriam empresas dentro do país que recebiam recursos de empreiteiras investigadas na Lava-Jato e eram próximos a outro operador já preso na operação, João Augusto Henriques.

? Há todo um acervo provatório de que essas pessoas estiveram envolvidas de forma profissional, habitual e serial em crimes com valores expressivos de milhões de dólares na Petrobras ? ressaltou o procurador, que ainda frisou a necessidade dos pedidos de prisão preventiva diante da evasão de pai e filho aos Estados Unidos.

Segundo a PF, os dois vão responder por crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.