Cotidiano

Sem verba, Minha Casa parece estar perto do fim

Recursos da Caixa acabam em junho e programa míngua

Sem verba, Minha Casa parece estar perto do fim

Cascavel – A regional de Cascavel chegou a 250 contratos assinados por mês, mais de R$ 30 milhões mensais investidos pelo Minha Casa, Minha Vida de 2012 até o início de 2015. Agora, o estrangulamento do programa preocupa.

O volume de contratos assinados por mês não representa um quinto e o valor não chega a um terço. E, nos meses de janeiro e fevereiro, nenhum contrato foi assinado.

O mais intrigante para incorporadoras e para construtoras, imobiliárias, e corretores de imóveis, é que o Minha Casa, Minha Vida corre o risco de minguar por completo, bem como os creditos disponibilizados para o financiamento habitacional nos bancos públicos como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Em uma reunião realizada há cerca de duas semanas com a Superintendência da Caixa na regional oeste, estes profissionais foram alertados que a verba disponibilizada para toda a Superintendência até o fim de junho é de algo próximo de R$ 100 milhões – incluindo as que devem ser destinadas aos financiamentos imobiliários, mas não somente para esta designação. A maior tensão está, sobretudo, no período posterior. O segmento acredita que a Caixa, que hoje é detentora de 70% dos contratos habitacionais do mercado, sequer tenha orçamento para o segundo semestre.

Somente na região, avalia o presidente do Secovi (Sindicato da Habitação e Condomínios), Luiz Antonio Langer, seis em cada dez contratos para financiamentos de imóveis estão ligado a uma das três modalidades do Minha Casa, Minha Vida, mas segundo ele, os contratos sequer estão sendo assinados, ficam travados por meses na instituição financeira. “Antes a análise de crédito era liberada com mais facilidade, agora eles precisam ter 110% de certeza do cadastro de quem pede financiamento e mesmo assim, muitas vezes não se libera ou fica esperando por muito tempo”, completou.

A trava sobre a força motriz da construção civil, que são as habitações residenciais, vive ainda outra tensão. Há alguns anos, conforme as obras financiadas com recursos públicos fossem passando pelas chamadas medições, os recursos eram liberados. Agora existem casos onde já foram feitas até quatro medições e as verbas seguem travadas simplesmente porque elas não existem.

Para fugir deste processo e da imensa burocracia que se tornou buscar recursos públicos, a aposta vem sendo calcada nos bancos privados. Somente os três maiores no mercado teriam, no fim ano passado, respondido por maior volume que o liberado pela Caixa. “Hoje existem recursos com juros melhores nos bancos privados então alguns setores têm priorizado o chamado SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo] para imóveis acima dos R$ 190 mil. A própria Caixa tem hoje mais recursos nesta modalidade do que para o Minha Casa, Minha Vida”, considerou.

Ainda de acordo com o presidente do Secovi, não são raros os casos onde incorporadoras compraram uma área, mas diante da escassez de recursos para o crédito habitacional, não se consegue lançar a obra.

“Este é um momento de grande expectativa, se não tiver recursos não adianta construir [no Minha Casa, Minha vida]”, reforçou.

Na Superintendência Regional da Caixa a informação é que o superintendente está em Brasília e só retorna na segunda-feira. O O Paraná apurou que um dos assuntos em pauta é justamente o futuro financeiro dos bancos públicos no segundo semestre deste ano.

Reportagem: Juliet Manfrin