Cotidiano

Sem solução, cadeia produtiva pena com o apagão logístico

Oeste faz novo levantamento sobre necessidade de mudanças que serão levadas mais uma vez à Copel

Capitão Leônidas Marques – Há anos o setor produtivo do oeste do Paraná tem pedido ajuda e solução ao apagão vivido pelo campo e pela indústria. O assunto já foi e é tema frequente de dezenas de encontros do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) e de inúmeras propostas do setor produtivo ao governo do Estado. Mês passado, durante o Show Rural, líderes regionais entregaram um novo documento, desta vez ao governador Ratinho Junior e à nova diretoria da Copel, pedindo atenção ao fornecimento de energia elétrica e isenção de ICMS por tempo ampliado para geração de energia limpa e renovável.

Segundo o presidente do POD, Danilo Vendruscullo, alguns segmentos estão amargando prejuízos milionários e consequências preocupantes no setor produtivo, especialmente em plantéis de frango, granjas de suínos e na produção de peixes e de leite, por exemplo.

A indústria também sofre com equipamentos sobrecarregados, que apresentam problemas frequentes no funcionamento e que em não raras vezes ficam horas ou até dias parados ou em manutenção. Não são raros os casos em que as quedas levam à inutilização completa de maquinário.

Segundo o presidente da Copacol, cooperativa com sede em Cafelândia, Valter Pitol, nos últimos anos os produtores rurais, principalmente os avicultores, têm tido grandes prejuízos provocados pela queda de energia elétrica, inclusive a mortalidade de frango. “Apresentamos [em fevereiro] todas as nossas dificuldades e acreditamos que essa nova diretoria da Copel estará mais próxima dos consumidores para atender as nossas necessidades. Combinamos que será feito um levantamento completo do problema em toda a região da Copacol para saber as nossas reais necessidades”, adianta.

Segundo Pitol, após o levantamento, e já conhecendo todas as necessidades da cooperativa e dos produtores da região, será agendada uma reunião com a diretoria da Copel para estabelecer um cronograma pensando em ações com intuito de amenizar os problemas.

Esse levantamento está sendo ampliado para todo o oeste. Contudo, situação semelhante vem sendo denunciada no sudoeste do Estado, onde prefeituras e empresários aguardam uma reunião com a diretoria da Copel ainda neste mês.

 Morte de frangos

No feriado de Carnaval um avicultor de Capitão Leônidas Marques perdeu 60% da produção de frango devido à falta de energia elétrica. Apesar de essa situação não estar relacionada aos picos de energia e à falta de fornecimento, o Poder Público Municipal afirma que os problemas são frequentes e que há propriedades onde falta energia por um ou até dois dias consecutivos.

No caso dos animais mortos nesta semana, uma emissora de rádio local informou que aproximadamente 8 mil frangos não resistiram ao calor excessivo. A falta de energia teria sido causada pela troca de um poste que caiu após um acidente de trânsito nas proximidades do hospital da cidade. A Copel esclareceu que precisou de quatro horas e 20 minutos para a troca do equipamento, entre as 11h e as 16h.

 Reclamações em alta

Na semana passada, cansados com os prejuízos pelas constantes quedas de energia elétrica, um grupo de produtores rurais de Anahy foi ao gabinete do prefeito Carlos Antonio Reis pedir providências.

O encontro reuniu administração municipal e representantes da Copel com o reconhecimento de que “em Anahy os avicultores já tiveram muitos prejuízos com a falta de luz, problema que está se tornando rotina no interior do Município”.

Representantes da Copel teriam se comprometido com os produtores em fazer uma avaliação técnica da situação para identificar o que está ocorrendo e a partir daí, se houver necessidade, fazer os reparos.

O tema ganha pauta de discussão mais uma vez, na próxima semana, desta vez em Cascavel, nos dias 12 e 13, em um evento na Unioeste que vai tratar sobre energia fotovoltaica como alternativa para minimizar picos de fornecimento e as quedas frequentes.

Sudoeste vive o mesmo drama

A mesma condição vive a região sudoeste do Paraná. O presidente da Amsop (Associação dos Municípios do Sudopeste do Paraná), Mauro Cenci, tem tratado do tema com frequência com outros prefeitos. Um encontro entre gestores públicos e a direção da Copel está programado para o dia 22 de março, na sede da Amsop, em Francisco Beltrão.

Segundo a Copel, irá apresentar os investimentos previstos pela companhia para melhorar a distribuição de energia elétrica.

Nos últimos meses, as interrupções têm se tornado ainda mais frequentes e afetado, principalmente, as atividades avícola e leiteira.

O encontro foi solicitado pelo presidente da Amsop, Mauro Cenci, ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano, ainda em fevereiro, durante evento que debateu a crise do leite na região sudoeste. São esperados diretores e o presidente da companhia, Daniel Pimentel.

“Nossa região organizou cadeias produtivas, melhorou a qualidade da produção e hoje abastece boa parte dos mercados nacional e internacional de leite e frango. Porém, tudo isso está sendo prejudicado por uma questão relativamente básica, que é o acesso à energia de forma constante, sem interrupções que venham causar prejuízos aos produtores e, de forma indireta, a toda a sociedade”, declarou o presidente da entidade e prefeito de Saudade do Iguaçu, Mauro Cenci.

A Copel divulgou que pretende investir R$ 800 milhões na melhoria da distribuição de energia em todo o Estado neste ano. As ações estão voltadas, de acordo com a companhia, para as regiões oeste e sudoeste do Estado.

Reportagem: Juliet Manfrin