Cotidiano

Sem sinal de recursos, frente de trabalho nem pensa no retorno às obras

Marechal Cândido Rondon – Anunciado pelo ministro dos Transportes, Mauricio Quintella, há cerca de duas semanas, os R$ 49 milhões para retomar as obras de duplicação da BR-163, nos 38,9 quilômetros entre Toledo e Marechal Cândido Rondon, são rodeados por mistérios e dúvidas.

Segundo apurado pela reportagem, apesar do anúncio do ministro, não se sabe de onde esses recursos sairão. Quintella afirmou que o empenho seria feito ainda em 2017, mas na reta final dos trabalhos no Congresso Nacional neste ano a votação para liberação da verba ainda não passou por lá.

Conversas de bastidores dão conta que, como não existe essa previsão orçamentária, os valores poderão ficar só na promessa, pelo menos por enquanto.

A obra que começou em 2015 e que está parada desde agosto passado, deveria ter sido concluída ainda em outubro de 2017, mas conta apenas com seis quilômetros duplicados e mesmo assim inacabados.

Procurada, a construtora informou que não foi formalmente comunicada do novo repasse federal. Para os 13% de duplicação concluídos, o governo já teria liberado os recursos, ocorre que a frente de trabalho que estava na base de Marechal Cândido Rondon foi desfeita há cerca de três meses. Ali existe apenas o setor administrativo da Construtora Castilho e os profissionais que trabalhavam na duplicação foram dispensados ou remanejados para outras obras na Região Norte do País ou no interior de São Paulo.

Oficialmente ninguém na empresa quis se manifestar, mas o Jornal O Paraná apurou que, mesmo que os recursos fossem liberados ainda este ano, a construtora não tem como retomar os trabalhos, justamente por não ter frente pronta para a operacionalização.

Todo o trecho da BR-163 a ser duplicado tem previsão orçamentária de R$ 306,5 milhões, o que indica que, mesmo que os R$ 49 milhões sigam para a construtora e considerando o que já foi feito, ainda restam cerca de R$ 200 milhões para a conclusão da pista dupla. A construtora conseguiu prorrogação de prazo para conclusão dos trabalhos e ele foi estendido para o fim do ano que vem. Não há previsão legal de reajuste dos valores.

Silêncio absoluto

A reportagem tem tentado insistentemente contato com algum responsável do Ministério dos Transportes desde o início da semana passada para falar sobre a liberação dos recursos. Apesar das tentativas e dos questionamentos enviados por email, não houve retorno.

Risco de deterioração

Até agora há seis quilômetros duplicados, mas eles não foram liberados para tráfego pois não estão concluídos. O que causa temor em líderes regionais é o risco de deterioração do que está pronto, especialmente porque não há os acabamentos necessários para proteger o pavimento.

Trecho entre as dez piores do País

Levantamento feito pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) mostra que mais da metade das rodovias do Paraná estão “regulares, ruins ou péssimas”. O estudo analisou 105.814 km de vias pavimentadas em todo o País. Do total, 8,9% foi classificado como “ótimo”; 29,3% como “bom”; 33,6% como “regular”; 20,1% como “ruim”; e 8,1% como “péssimo”.

No caso do Paraná, dos 19.663 km pavimentados, 6.336 km estão no levantamento. A maior parte (35,5%) foi considerada “regular”, seguida de “bom” (30,9%), “ruim” (20,8%), “ótima” (9,2%) e “péssima” (3,6%).

As rodovias concentradas entre os municípios paranaenses de Barracão e Cascavel entraram para a lista das “dez piores ligações rodoviárias” do Brasil. No ponto, há trechos da BR-163, PR-163, PR-182 e PR-582.