Economia

Sem receber da União, Audi ameaça abandonar o Paraná

Empresa cobra débito do Inovar-Auto; Guedes quer pagar em dez anos

Curitiba – O presidente da Audi do Brasil, Johannes Roscheck, disse que a empresa vai deixar de produzir o sedã A3 no País (a empresa tem indústria no Paraná) em dezembro deste ano e suspenderá toda a produção local por um ano para avaliar investimentos em um novo modelo. Segundo ele, a retomada da fabricação local só ocorrerá se o governo federal acertar o pagamento de uma dívida pendente desde o programa Inovar-Auto, criado em 2012 e encerrado em 2017. As informações são do Estadão.

Segundo o executivo, serão necessários novos investimentos e remodelação da linha produtiva para um novo produto que substitua o A3, “mas é difícil convencer a matriz a investir num mercado que não é responsável em cumprir compromissos”.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, que inicialmente afirmou que não pagaria dívidas de governos passado, disse, há cerca de um ano, que aceitaria pagar num período de dez anos, mas desde então não tocou mais no assunto. “Mesmo que o pagamento seja feito no longo prazo, nós aceitamos, mas precisamos de uma decisão”, declarou Roscheck.

O total da dívida é de R$ 290,7 milhões, divididos entre as três fabricantes de automóveis de luxo: Audi, BMW e Mercedes-Benz.

Origem da dívida

Na criação do Inovar-Auto, foi estabelecido o aumento de 30 pontos percentuais na cobrança do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros importados para estimular a produção local. Um dos pontos do programa estabelecia a devolução desse imposto extra às importadoras que anunciassem projetos de produção local. O valor seria devolvido quando a produção tivesse início.

Quando o Rota 2030 – programa que substituiu o Inovar-Auto – entrou em vigor, a devolução da dívida não foi citada no texto. O então presidente Michel Temer enviou para o Congresso um projeto de lei estabelecendo o pagamento num prazo de cinco anos. O projeto está parado até hoje na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Ao contrário da BMW e da Mercedes-Benz, que construíram novas fábricas no País, a Audi decidiu instalar sua linha de montagem no complexo da Volkswagen (ambas pertencem ao mesmo grupo) em São José dos Pinhais. “Estamos preparados para lutar por um novo projeto, mas vai depender das discussões”, disse Roscheck.

Contudo, ele adianta que, mesmo que haja definição para o pagamento da dívida, a empresa vai ficar com a fábrica parada por pelo menos um ano para adequações a um provável novo modelo.