Cotidiano

Sem Maluf, Doria recebe apoio do PP para eleição em SP

SÃO PAULO – Sem a presença do deputado Paulo Maluf (PP-SP), o pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, empresário João Doria, recebeu nesta quinta-feira o apoio do PP para a sua campanha. O anúncio teve a presença do presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira, e de dirigentes paulistas.

? A nossa aliança é com o PP do Guilherme Mussi, do Ciro Nogueira, do deputado Olim, de um PP novo e que apresenta uma proposta diferente. Sobre Paulo Maluf prefiro não comentar ? afirmou o pré-candidato tucano, mencionando lideranças do partido com as quais negociou a aliança eleitoral.

A ausência de Maluf na articulação para a eleição municipal de São Paulo é a face mais visível do isolamento que vive o deputado dentro do partido que fundou e comandou por décadas. Na última disputa municipal, em 2012, ele ainda deu as cartas levando o PP a apoiar o então candidato do PT, o prefeito Fernando Haddad, num acordo costurado pelo ex-presidente Lula. Na época, a entrada de Maluf na coligação fez Haddad perder a sua candidata a vice, deputada Luiza Erundina. Ela abandonou a chapa antes mesmo do início da campanha após ver o candidato ao lado de Maluf comemorando o apoio.

De lá para cá, Maluf perdeu, aos poucos, espaço político no partido a ponto de atualmente não exercer nenhuma influência política nos rumos do PP. O presidente estadual da legenda em São Paulo, deputado Guilherme Mussi, resumiu assim a função de Maluf no partido:

? É uma página virada. Ele colaborou muito, eu o respeito pela idade que tem e pela história partidária. Ele entrou no partido nos anos 1960, meus pais não eram nem casado. Ele ajudou de fato a construir o partido lá atrás, era uma figura que contribuiu muito, mas hoje é um ciclo que se encerrou definitivamente no PP ? afirmou.

Cargos em troca de apoio eleitoral

Com a adesão do PP, Doria acumula o apoio de seis partidos (PSB, PPS, PV, PP, PHS e PMB), o suficiente para garantir quase um terço de todo o tempo do horário eleitoral no rádio e na TV. Na próxima semana, será anunciado o embarque do DEM.

A meta do pre-candidato tucano é ter cerca de 20 minutos diários na campanha na TV. Estreante na política, Doria deposita no marketing eletrônico muito da sua esperança em uma vitória.

Para construir o amplo arco de apoiadores, o empresário tem contado com ajuda do governador Geraldo Alckmin (PSDB), seu padrinho político. As últimas adesões (PV e PP) foram obtidas mediante a promessa de entrega de secretárias no governo a essas legendas. Dirigentes do PP disseram nesta quinta-feira que ocuparão a Secretaria do Meio Ambiente. O PV divulgou que trocará a pasta do Turismo pela da Cultura, com orçamento mais robusto.

Doria rechaçou as críticas de uso da máquina para viabilizar sua candidatura. Perguntado se essa não seria uma prática da velha política que ele tanto critica em seus discursos, ele disse que a “nova política” que promete será posta em prática num eventual governo dele.

? Não há uso da máquina. Há uso de propostas, estamos nos unindo por elas. Estamos formando o maior arco de alianças que uma eleição de São Paulo já teve. São circunstâncias (a troca de cargos). A vida política é feita fazendo política. A nova política é fazer uma boa administração na cidade.

Entre os demais candidatos a prefeitura, o único que já tem apoios garantidos é o prefeito Fernando Haddad (PDT, PC do B e PR). A senadora Marta Suplicy (PMDB) não tem conseguido atrair para sua candidatura nem mesmo partidos da aliança do presidente interino Michel Temer. O ex-tucano Andrea Matarazzo (PSD) também não teve o que apresentar em termos de apoiadores até agora.