Agronegócio

Sem importar tecnologia, saldo da balança avança 42%

Palotina conquista o primeiro lugar em exportações no oeste do Paraná

Palotina – As exportações regionais avançaram no primeiro trimestre deste ano 8% se comparado a igual período de 2017. Agora as transações comerciais feitas com outros países somam US$ 403 milhões, contra US$ 374 milhões no mesmo período do ano passado. No caminho inverso e desobedecendo a uma tendência da balança comercial brasileira, as importações regionais recuaram 28% entre um período e outro. De janeiro a março de 2018 foram US$ 132,141 milhões em compras feitas em outros países; em 2017, o valor chegou a US$ 183,625 milhões.

A justificativa está, segundo o especialista de mercado José Augusto de Souza, porque tem ocorrido uma redução natural das importações de tecnologias, feitas ano passado para as inovações da indústria. “Em 2017 muitas empresas e cooperativas da região importaram tecnologia para se preparar melhor. É o caso do melhoramento da linha de produção de uma cooperativa em Cafelândia e de outra em Palotina, a construção de um abatedouro de peixes em Palotina, de um frigorífico que está sendo construído em Assis Chateaubriand, do melhoramento e da automatização da linha de produção de um frigorífico de Toledo e de uma indústria de Toledo que havia queimado e foi reestruturada”, completa.

Para Souza, essa retração é vista com naturalidade porque todo esse melhoramento já ocorreu e, para ser realizado novamente, só com uma nova reestruturação das empresas e ampliação nas linhas de produção, sobretudo em substituição à mão de obra humana. “Em torno de 60% das importações do ano passado foram em tecnologia no oeste”, revela.

Dessa forma, os demais 40% se dividiriam em itens peculiares, em bens de consumo não duráveis, e que se repetem na pauta das importações, como os insumos para a produção de ração animal, por exemplo, item mais adquirido pelo oeste paranaense.

Tecnologia, inovação e novos mercados

Quanto à vocação para as exportações, o especialista de mercado José Augusto de Souza reforça que a consolidação do oeste é responsável por uma importante vanguarda. Para se ter ideia, o Município de Palotina avançou e agora é líder no ranking regional da balança comercial do oeste do Paraná.

Segundo dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços), o Município exportou no primeiro trimestre deste ano US$ 80,943 milhões, importou US$ 2,826 milhões e obteve um saldo de US$ 78,116 milhões. Dessa forma, a cidade ocupa a oitava colocação entre as maiores exportadoras do Estado.

Cascavel, que até o mês passado era a primeira colocada no ranking regional e a sétima do Estado, agora ocupa a segunda colocação regional e a décima no Paraná. As exportações do Município fecharam o primeiro trimestre com US$ 80,826 milhões e as importações em US$ 36,367 milhões. Assim, o saldo cascavelense na balança comercial fechou em US$ 44,459 milhões.

A explicação para essa inversão na tabela pode ser focada também, segundo o especialista, na tecnologia. “Palotina tem hoje uma cooperativa que está muito perto de ser a ideal para todo o mercado. Boas práticas de alojamento de aves, boas práticas de transporte, frigorífico automatizado, relacionamento muito bom com o mercado e a expansão das atividades para outros estados, ampliando sua produção”, destacou.

Nesse quesito, o destaque ainda à produção de Palotina está diretamente associado aos investimentos em tecnologia feitos no ano passado: “Esta tecnologia fez da empresa uma referência no mercado e a tendência é para que as demais se aprimorem também ou irão perder espaço para ela. Essa cooperativa tem conquistado novos consumidores em todo o mundo e traça um caminho de consolidação não somente em aves, mas na piscicultura e nos grãos também”, lembra o especialista.

 

Valorização das commodities

Para o aumento global das exportações na região neste início de ano há ainda outro fator que precisa ser destacado. Apesar da quebra na safra de verão, a produção de grãos foi considerada muito boa, a segunda melhor da história, Além dos estoques abarrotados com essa colheita e com parte das safras passadas, a reação dos preços das commodities no mercado internacional contribuiu para aceleração das vendas.

“Os preços internacionais melhoraram muito e o dólar deve se manter em elevação, o que é muito positivo para as nossas exportações. Por isso, acredito que o desempenho regional siga neste mesmo caminho nos próximos meses”, reforça José Augusto de Souza.

Para o especialista, com mais tecnologia e negócios mais competitivos, a tendência é para uma produção cada vez mais eficiente que corrobore com a conquista de mercados cada vez mais atrativos. “Apesar de estarmos distantes dos grandes centros, o que torna a região muito atrativa em negócios são as inovações feitas pelos empresários. O que temos observado no agronegócio é que as empresas da região estão redirecionando seus mercados para determinados tipos de produtos de forma que um não conflita diretamente com o outro, o que é muito interessante. Assim, cada um se especializa em alguns setores e tem muito mercado para todos”, pondera.

 

Saldo da balança já é o melhor da história

E se as exportações registraram alta de 8% e as importações sofreram retração de 28%, o resultado disso é um saldo da balança comercial da região oeste recorde. Somente nos três primeiros meses do ano, segundo o Mdic, esse volume cresceu 42%. O desempenho de 2017, que já era considerado histórico, vem sendo deixado para trás com facilidade neste ano.

“A tendência é para que a região feche 2018 com um recorde novamente na balança. Certamente, isso vai acontecer justamente pela abertura de novos mercados, como já falamos, e a queda nas importações de tecnologia. Mais exportações e menos importações resultam em um saldo cada vez maior”, completou José Augusto de Souza.

No primeiro trimestre do ano passado o saldo da balança regional havia fechado em US$ 190,392 milhões. Agora, são US$ 270,873 milhões de superávit.

Pelo menos oito em cada dez dólares exportados na região estão diretamente ligados ao agronegócio. A liderança se mantém com a avicultura, responsável por pelo menos 70% das exportações, seguida então pelos grãos – como a soja in natura.

Dos 50 municípios do oeste, 31 deles, ou seja, 62%, têm algum tipo de transação internacional. Desses, 26 estão na pauta das exportações, ou seja, vendem um ou mais produtos para outros países. Os sete maiores exportadores regionais – Palotina, Cascavel, Cafelândia, Foz do Iguaçu, Matelândia, Medianeira e Marechal Cândido Rondon – respondem por 93% de todas as exportações da região. Elas também são as que mais importam. Juntas, compram sete de cada dez dólares em produtos de outros países.