Economia

Sem auxílio e Renda Cidadã, 38 milhões de pessoas ficam “no vazio”

Os pesquisadores constataram que o grupo dos invisíveis representa 61% do total de beneficiários

Sem auxílio e Renda Cidadã, 38 milhões de pessoas ficam “no vazio”

Brasília – O governo federal tem enaltecido o poder que o auxílio emergencial teve de descobrir cerca de 38 milhões de brasileiros “invisíveis”, que estavam fora do radar do governo. Nova análise feita por pesquisadores da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra quem são esses 38 milhões de brasileiros, que já estão sendo impactados pela redução do valor do benefício, e ficarão desassistidos no próximo ano sem auxílio, sem poderem ser enquadrados no Bolsa Família e assistindo ao impasse sobre o financiamento do Renda Cidadã sem entender se farão parte do novo programa.

A análise foi conduzida pelo professor Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (FGVcemif), e pelos pesquisadores do centro Bruno Barreira e Leonardo José Pereira. Eles se debruçaram sobre os dados do próprio governo para entender melhor o perfil dos 38 milhões de brasileiros invisíveis.

“É um grupo de renda relativamente baixa, com baixa escolaridade e que está na economia informal, bastante sujeito às intempéries porque desenvolvem as atividades da economia do bico. É como se costeassem o alambrado da pobreza, mas não são necessariamente detectados pelos programas do governo”, resumo Gonzalez.

Os pesquisadores constataram que o grupo dos invisíveis representa 61% do total de beneficiários. Eles não recebem Bolsa Família ou outro tipo de ajuda, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), tampouco estão no Cadastro Único. A conclusão de que são vulneráveis e estão na margem da pobreza se dá pela análise de três pontos principais: 64% vivem de “bicos” e estão inseridos de forma bastante precária no mercado de trabalho; 74% declaram ter renda usual que não excede R$ 1.254 mensais, pouco mais do que o salário mínimo atual (R$ 1.045); 55% estudaram no máximo até o ensino fundamental, o que limita algumas opções de trabalho.