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Seleção masculina de futebol se defende, mas precisa vencer a todo custo

Rogério Micale propôs um grande debate nacional sobre a forma de se enxergar o futebol no Brasil. Pediu profundidade, mais foco na discussão do jogo e menos relevância a temas comportamentais, periféricos. São questões relevantes, úteis para o Brasil lidar. Pôs em dúvida até mesmo se o ambiente do futebol nacional faria craques, como Neymar, desistirem futuramente da seleção, como Messi na Argentina. Resta saber se acertou no momento. links futebol

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As próximas horas dirão se colocou um jogo que já era decisivo, delicado, tenso, no centro de discussões ainda mais transcendentes; se elevou ainda mais a temperatura do Brasil x Dinamarca de hoje, às 22h, em Salvador, jogo que decide a sobrevivência da seleção na Olimpíada.

Neymar foi posto, definitivamente, no centro de tudo. Afinal, se a preocupação de Micale com o debate do jogo é antiga, os questionamento à figura do craque como capitão que desataram o discurso de hoje. Ou, ao menos, pesaram.

O técnico quis defender também os personagens de uma eventual eliminação. Antes mesmo da Olimpíada, Micale, que vive sua primeira grande chance de projeção no mercado, dizia saber que seria julgado pelo resultado, ainda que a seleção tenha tido pouco tempo de treino, ainda que a dificuldade de convocar jogadores faça os Jogos Olímpicos terem times desfigurados. Antecipou-se o debate que costuma entrar na agenda nacional após derrotas.

? Enquanto ficarmos preocupados com faixa de capitão, comportamento pessoal, e não falarmos de tática, do jogo, continuaremos querendo achar cabeças, culpados. Tenho respeito por vocês (imprensa), mas algumas perguntas respondemos por educação. Para avançar no futebol, a discussão tem que ser menos superficial. A Alemanha ficou 12 anos com um projeto. Nós queremos chegar aos seis meses finais sem passar pelos outros 11 anos e meio ? disse, lembrando que seu trabalho era bem avaliado durante os treinos em Teresópolis. ? Como as coisas mudam em dez dias, em dois jogos.

RISCO ATÉ DE SORTEIO

Neymar era o grande tema. Micale ampliou o espectro da discussão ao lembrar que gerações anteriores à dele deixaram um hiato. Não citou nomes, talvez falasse do declínio precoce de Adriano, Kaká ou até Ronaldinho Gaúcho.

? Neymar tem só 24 anos. Um atleta atinge a maturidade completa lá pelos 28. Ele lida coma pressão de ser expoente desde os 18. A geração que lhe daria suporte não se firmou. Ronaldo foi a uma Copa do Mundo para assistir, vivenciar a experiência. Se a gente não tiver transição, não respeitar nossos craques, em breve eles não vão querer estar com a gente ? disse, antes de falar de Marta. ? Quantos anos tem Marta? Ah, 31… Boa idade. Estamos sendo implacáveis com nossos craques. E isto está cobrando um preço.

O jogo com a Dinamarca, decisivo, é a chance para Neymar sobressair. Nos estádios, reduz-se a tolerância. A visão sobre sua atuação como capitão é controversa. Ontem, num dia crítico, a entrevista coletiva de Micale foi dada ao lado de Renato Augusto. Mais velho da seleção, vaiado em Brasília, Renato Augusto não tem a braçadeira, mas tem esbanjado personalidade e atitudes de liderança. Após o empate com o Iraque, Neymar deixou o estádio e o meia enfrentou uma maratona de entrevistas. Ontem, se expôs a representar um elenco sob críticas. Após o jogo com o Iraque, foi Renato Augusto quem procurou Neymar para uma conversa, preocupado com o ânimo do companheiro.

? Fiquei preocupado com a equipe toda. Fui conversar com o Neymar, com medo de que estivesse triste. Ele estava, com o resultado. Mas estava confiante e tem nosso apoio ? disse Renato Augusto, com um discurso de capitão.

Micale, que fez toda a preparação em Teresópolis com treinos abertos, ontem novamente fechou a atividade. Não definiu o substituto de Thiago Maia, suspenso. Rodrigo Dourado e Walace disptuam o posto. Luan pode ganhar um lugar na vaga de Felipe Anderson.

No momento de pressão, o time olímpico recebeu ontem a visita do técnico da seleção principal, Tite, que acompanhou o treino e se reuniria, à noite, com o elenco.

Só a vitória garante a classificação do Brasil. Um empate pode levar a decisão da vaga para um sorteio, caso o Iraque empate com a África do Sul pelo mesmo placar, o que deixaria brasileiros e iraquianos iguais em todos os critérios. O Brasil deve jogar com: Weverton, Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Rodrigo Dourado (Walace), Renato Augusto e Luan (Felipe Anderson). Gabigol, Gabriel Jesus e Neymar.