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Seleção completa década de técnicos gaúchos com 74% de aproveitamento

Na última década, a seleção brasileira só conheceu um sotaque na área retangular à frente do seu banco de reservas, ou “casamata”, termo mais usado no Rio Grande do Sul. Desde 2006, três treinadores dirigiram a seleção: Dunga, Mano Menezes e Felipão, todos do estado rio-grandense. A era gaúcha terá continuidade com Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, nascido em Caxias do Sul e escolhido como novo técnico do Brasil – a CBF deve oficializar seu nome nesta quinta-feira.

Embora tenham em comum o estado de origem, Dunga, Mano e Felipão mostraram diferenças no estilo de trabalho e nas preferências táticas e técnicas. Todos deixaram a seleção tendo seus trabalhos contestados em alguma medida. O aproveitamento total na década gaúcha da seleção brasileira, contudo, é alto: 74% de aproveitamento em 148 jogos nos últimos dez anos, incluindo amistosos, partidas de eliminatórias e copas.

Carlos Caetano Verri, o Dunga, estreou à frente da seleção em 16 de agosto de 2006, um empate em 1 a 1 em amistoso com a Noruega. A primeira passagem do treinador, nascido em Ijuí, na região noroeste do estado, totalizou 60 jogos, com 76,7% de aproveitamento.

Foram 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas – uma delas nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010, contra a Holanda, seu último jogo nesta passagem. A eliminação deu fôlego às críticas por suas escolhas na convocação e pelo estilo de jogo pouco vistoso, apesar dos títulos da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações de 2009.

MANO E FELIPÃO: CICLO DIVIDIDO

Veio para seu lugar, em agosto de 2010, Luiz Antônio Venker Menezes, o Mano Menezes, com a missão de conduzir uma renovação na equipe. Natural de Passo do Sobrado, na região central do Rio Grande do Sul, Mano deu as primeiras chances a nomes como Neymar e Paulo Henrique Ganso, tidos à época como grandes promessas.

A seleção adotou um estilo de jogo mais ofensivo. Curiosamente, a principal crítica ao trabalho de Mano foi a deficiência na proteção à zaga, ponto fraco que levou a derrotas nos principais testes daquela seleção. Até novembro de 2012, quando veio a demissão após o título do Superclássico das Américas, Mano acumulou 21 vitórias, seis empates e seis derrotas em 33 jogos, a maioria amistosos. O aproveitamento, de 69,9%, não foi ruim, mas foi o pior da década gaúcha na seleção.

O responsável por terminar o ciclo de quatro anos até a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, foi Luiz Felipe Scolari, o Felipão. Pentacampeão do mundo em 2002, o gaúcho de Passo Fundo não teve o mesmo sucesso em solo brasileiro. Apesar do título da Copa das Confederações, em 2013, e do aproveitamento de 72,4% em 29 jogos (19 vitórias, seis empates e quatro derrotas), a impressão deixada após as derrotas por 7 a 1 contra a Alemanha e 3 a 0 contra a Holanda foi de um método de trabalho ultrapassado, muito dependente do aspecto emocional.

O RETORNO (E A NOVA DEMISSÃO) DE DUNGA

Causou certa estranheza, em 2014, quando Dunga foi chamado para uma segunda passagem como treinador da seleção brasileira, no lugar de Felipão. Nos quatro anos longe da CBF, o treinador não havia dado sinais de grande evolução tática, quesito considerado deficiente em seu antecessor.

O aproveitamento de Dunga, novamente, foi alto: 75,6% em 26 jogos, com 18 vitórias, cinco empates e três derrotas. Desta vez, no entanto, houve campanhas decepcionantes em duas Copas América, com eliminação nas quartas de final em 2015 e na primeira fase deste ano. Sem títulos, os números não foram suficiente para segurar Dunga no cargo.

Com Tite, a seleção ganha um treinador reconhecido justamente pela construção tática de seus times, adaptando-se às necessidades e aos jogadores que encontra. Sua escolha como técnico da seleção indica uma clara mudança de perfil em relação a Dunga e até mesmo Felipão. O que não muda é a origem gaúcha.