Cotidiano

Segurança hídrica mundial custa US$ 650 bilhões/ano

Brasília – O presidente do CMA (Conselho Mundial da Água), Benedito Braga, defendeu o compartilhamento de bacias hidrográficas entre os países e o investimento "em massa" de recursos para garantir a segurança hídrica de todos os países. Ao discursar na abertura oficial do Fórum Mundial da Água, Benedito Braga afirmou que os governos deveriam colocar a água como "cerne” dos eventos que promoverem.

De acordo com Braga, para os países garantirem a segurança hídrica necessária, presente nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, é preciso que haja "investimento em massa" da ordem de US$ 650 bilhões por ano até 2030. "Precisamos de mais vontade política de governos para garantirmos a segurança hídrica. Precisamos de mais financiamento para garantir os objetivos de desenvolvimento sustentável na ONU", disse.

Segundo ele, o desenvolvimento neste campo depende do engajamento também de outros setores, como energia e saneamento. "Esse fórum deve comprovar que compartilhamento de uma bacia hidrográfica não deve ser um fardo, e sim um incentivo e oportunidade para melhorar a governança", afirmou Braga, que discursou na abertura do evento após o presidente Michel Temer.

Antes de desejar uma semana "muito frutífera" aos participantes do fórum, Benedito Braga defendeu que a comunidade hídrica faça valer, em diferentes ocasiões, a capacidade de "colocar a água no cerne dos eventos". "Tenho certeza que vamos conseguir atingir patamar de segurança hídrica juntos", afirmou.

O 8º Fórum Mundial da Água teve início domingo (18) e vai até sexta-feira (23), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Temer: Crescimento sustentável depende do acesso à água

O presidente Michel Temer disse ontem, durante a abertura do 8º Fórum Mundial da Água, que o crescimento sustentável está “intimamente ligado” ao acesso à água. Ele reafirmou o compromisso histórico do Brasil com essa questão e disse que os trabalhos visando à sustentabilidade hídrica requerem “ações permanentemente integradas em nossos países e entre nossos países”.

“O acesso à água está intimamente ligado à capacidade de crescer de forma sustentável. Em nome do futuro da humanidade, é nossa obrigação compartilhada buscar o desenvolvimento sustentável em todas suas vertentes. O consenso é de que a vida na Terra estará ameaçada se não respeitarmos os limites da natureza”, disse o presidente em seu discurso de abertura, no Itamaraty, ao lado de chefes de Estado que participaram do fórum.

Temer afirmou que o compromisso brasileiro com a questão ambiental foi reforçado a partir da conferência Rio 92, quando conceitos foram definidos, e depois na Rio+20. “Estamos firmemente empenhados em implementar essa agenda, e reafirmamos isso no 8º Fórum Mundial da Água”, disse o presidente, ao destacar a necessidade de diagnósticos precisos e ações coordenadas para melhor desenvolver essas políticas.

“A sustentabilidade hídrica requer ações permanentemente integradas em nossos países e entre nossos países. Se nos fecharmos em nós mesmos e se atuarmos de forma desarticulada, todos pagaremos o preço”, acrescentou.

Temer lembrou que há no mundo cerca de 2 bilhões de pessoas sem uma fonte segura de água em suas casas e sofrendo com a falta de saneamento. Além disso, acrescentou o presidente, há 260 milhões de pessoas que precisam andar mais de meia hora para ter acesso à água.

Marco regulatório do saneamento

Em relação ao saneamento básico, o presidente Michel Temer indicou que o governo prepara um marco regulatório para buscar novos investimentos. "Nossa atenção volta-se, com muita naturalidade, para o saneamento, em que tanto há ainda por fazer. Nós estamos ultimando projeto de lei com vistas a modernizar nosso marco regulatório do saneamento e incentivar novos investimentos. O que nos move, naturalmente é a busca da universalização desse serviço básico", disse. A minuta da medida provisória vem sendo debatida com as empresas de saneamento.

Segundo Temer, embora o governo tenha se empenhado para enfrentar, nos últimos anos, uma das maiores recessões de sua história, esse trabalho ocorreu “sempre com olhos postos na sustentabilidade”. O presidente citou o programa Plantadores de Rios, a proteção das florestas e a reversão da curva do desmatamento na Amazônia como fatores que colocam “a segurança hídrica no centro de nossas políticas”.

“Preservar não basta. É preciso fazer chegar água nos lares das famílias. Há comunidades que ainda lutam contra a seca. Daí nosso empenho na transposição do Rio São Francisco. Trata-se de um projeto antigo mas que estamos finalizando e, ao fim, vai beneficiar 12 milhões de habitantes no Nordeste”, disse.