Cotidiano

Secretário-geral da OEA compara líder sindical presa na Argentina a Leopoldo López

BUENOS AIRES. O governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, enfrenta cada vez mais pressões internacionais pela situação da líder sindical e indígena Milagros Sala, presa desde janeiro passado na província de Jujuy, por acusações de fraude e associação ilícita. Nesta segunda-feira, o jornal ?La Nación? publicou uma entrevista com o secretário geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, na qual o funcionário do organismo internacional reiterou o pedido de libertação de Salas e a comparou ao dirigente político venezuelano Leopoldo López, preso desde fevereiro de 2014.

?A Justiça não pode ser administrada em função de pesquisas ou opiniões e sim em função de considerações objetivas?, assegurou Almagro. Para a OEA e outras organizações internacionais, entre elas as Nações Unidas e a ONG Human Rights Watch, a líder do grupo indígena Tupac Amaru é considerada uma presa política.

A prisão de Salas foi ordenada pela Justiça após uma denúncia apresentada pelo governador de Jujuy, Gerardo Morales, eleito no ano passado. Morales, aliado do presidente Macri, acusou a líder do movimento Tupac Amaru de associação ilícita agravada e fraude ao estado provincial.

Durante os três governos Kirchner (2003-2015), Salas recebeu ampla ajuda financeira da Casa Rosada e, segundo seus adversários, montou um verdadeiro estado paralelo na província de Jujuy. A líder indígena foi denunciada em reiteradas oportunidades por violência contra seus críticos e durante todo o kirchnerismo foi uma das mais fieis aliadas de Néstor e Cristina Kirchner. Salas também foi acusada de corrupção.

?Como fizemos em relação a Leopoldo López e aos presos políticos da Venezuela, aqui está colocada a questão do respeito às garantias de um devido processo?, explicou Almagro. O secretário geral da OEA apontou, ainda, que ?fomos claros na defesa dos direitos humanos e da democracia no continente, sem condicionamentos políticos nem ideológicos de e nenhum tipo?.

Salas acusou o presidente Macri, que respalda a ação do governador de Jujuy, de ter ?instaurado uma ditadura na Argentina?.