Cotidiano

Saúde diz não ter controle sobre as filas de espera

Estado libera recursos para procedimentos, mas desconhece demandas

Foz do Iguaçu – Elas não têm caráter emergencial, mas afetam, e bastante, a qualidade de vida de quem precisa delas e que, por inúmeras vezes, permanecem por anos e mais anos à espera.

Somente em 2017 as Regionais de Saúde de Toledo e Foz do Iguaçu afirmam ter feito 5,6 mil procedimentos eletivos. Ocorre que a espera ainda é longa. Mas quão longa? Ninguém sabe exatamente. Não existe qualquer tipo de controle geral da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) para saber quantas pessoas aguardam por esse tipo de procedimento.

A própria secretaria reconhece que as “filas de cirurgias eletivas são gerenciadas pelos próprios municípios ou serviços. Os mutirões de eletivas são organizados a partir da demanda das prefeituras”.

A Sesa reforça ainda que “o Paraná é um dos únicos estados do País que aplicam recursos do Tesouro estadual para este fim. Desde 2015, quando começou o mutirão, já foram feitos mais de 70 mil procedimentos para desafogar as filas, a maior parte de catarata [cirurgia nos olhos]”. Contudo, deixa claro que não tem dimensão de quem ainda espera e, principalmente, quais são as especialidades de maior demanda. Há quanto tempo esperam? Também é informação desconhecida.

Nem as regionais

Na região oeste do Paraná, a chefe da 20ª Regional de Toledo, Denise Liell, explica que no segundo semestre de 2017 foram feitos cerca de 600 procedimentos em diversas áreas. “Temos outras [cirurgias] programadas. Estamos conseguindo desafogar as filas em todas as áreas. A expectativa é para que o Ministério da Saúde libere mais recursos para novas realizações em 2018”, resumiu.

Parece piada, mas esta é a única Regional do oeste que tem controle sobre a quantidade de procedimentos em espera. Segundo Liell, em 18 municípios são quase 1,2 mil procedimentos aguardando a liberação.

O maior número de procedimentos realizados em 2017 na região foi na abrangência da 9ª Regional de Foz do Iguaçu. Com cobertura de apenas nove municípios, o chefe interino, Edson Antonio Boito, afirma que foram cerca de 5 mil procedimentos em 2017. “Praticamente todos foram cirurgia de catarata”, revela.

No entanto, a Regional não sabe informar quantas pessoas aguardam por cirurgias nos municípios de abrangência nem há quanto tempo.

A 10ª Regional da Saúde de Cascavel não informou quantas cirurgias foram realizadas neste ano e, apesar de diversas tentativas de contato com o chefe da Regional, Miroslau Bailak, não houve retorno.

Mas, para se ter ideia, somente no município de Cascavel, que é um dos 25 cobertos pela 10ª Regional, havia fim do ano 1.567 pacientes aguardando pelos procedimentos. A cirurgia geral é onde se tem a maior espera em Cascavel, com 382 pacientes aguardando, seguida pela vascular, com 377, ortopedia e traumatologia 196, ginecologia 180, urologia 170, otorrinolaringologia 156 e 104 para cirurgias plásticas.

Segundo a prefeitura, somente em 2017 foram feitas 1.220 cirurgias eletivas.