Cotidiano

Sarney Filho contesta que R$ 400 mil citados por Machado eram propina

BRASÍLIA — O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV-MA), divulgou nota, nesta sexta-feira, em que contesta a informação de que a doação de R$ 400 mil que teria recebido, segundo o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, para a campanha a deputado federal em 2010 teria origem em propina. No texto, Sarney Filho afirma que todas as doações que recebeu foram “de forma legítima, legal e declarada”. Machado, no entanto, disse em depoimento após delação premiada, que todos os políticos que receberam recursos intermediados por ele sabiam que a origem era ilícita.

“Em minhas campanhas recebi doações de empresas, sempre de forma legítima, legal e declarada. Todas as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Não sou formalmente acusado de nada. Nada há contra mim, senão a palavra de um criminoso. Se isso vale mais do que toda uma vida dedicada a uma causa, pobre Brasil!”, escreveu Sarney Filho.

Machado informou aos procuradores que teria intermediado, em 2010, uma doação da Camargo Corrêa no valor de R$ 400 mil a Sarney Filho. Não há, no entanto, registro de doações da empreiteira na prestação de contas do atual ministro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Porém, o PV recebeu o montante de R$ 400 mil da construtora em duas doações, realizadas nos dias 3 e 16 de setembro daquele ano. O diretório estadual do PV repassou R$ 855 mil a Sarney Filho durante a campanha de 2010.

Durante depoimento, Machado foi questionado por que entendia ser propina o dinheiro pedido pelo presidente interino Michel Temer, revelado por ele a procuradores. O ex-presidente da Transpetro respondeu aos procuradores que todos os políticos sabiam da origem do dinheiro que ele arrecadava:

— Eu nunca disse que era propina, mas eu acho que dificilmente alguém no meio político, que esteja em atuação, que tenha disputado eleição, não saiba como funciona o sistema. Eu nunca falei para nenhum desses que eu estava dando dinheiro de propina. Eles me procuravam perto da eleição, se eu podia ajudar, de alguma maneira contribuir, examinar quem dispunha de recursos e contribuir. Eu nunca disse a nenhum deles: “Isso é recurso de propina.”.

Machado afirmou que atendia a pedidos como o supostamente feito por Temer porque “eram políticos com os quais eu tinha interesse de manter relação e dispunha de uma parcela de recursos para atender a esse tipo de doação”.

— Dentro do mundo político, todo mundo sabe da origem, mas eu nunca falei. Posso imaginar que eles sabiam de onde vinham. As empresas que contribuem são as mesmas. Elas não têm nenhum interesse partidário. Dão em função de contratos e vantagens que estão esperando receber — disse o delator.