Cotidiano

Sarney e Sérgio Machado reclamam em conversa de ?ditadura da Justiça?

sarney-machado.jpgRIO – Em mais uma conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e Machado reclamam da operação Lava-Jato, do juiz Sérgio Moro, e do que chamaram de “ditadura da Justiça”. O áudio inédito foi divulgado pelo ?Jornal Nacional? da TV Globo nesta quinta-feira.

Gravações 26-05

MACHADO ? Não teve um jurista que se manifestasse. E a mídia tá parcial assim. Eu nunca vi uma coisa tão parcial. Gente, eu vivi a revolução […]. Não tinha esse terror que tem hoje, não. A ditatura da toga tá f***.

SARNEY ? A ditadura da Justiça tá implantada, é a pior de todas!

MACHADO ? E eles vão querer tomar o poder. Pra poder acabar o trabalho.

Machado e Sarney também criticam as nomeações que a presidente Dilma Rousseff fez para o Supremo Tribunal Federal (STF).

SARNEY ? E com esse Moro perseguindo por besteira.

MACHADO ? Presidente, esse homem tomou conta do Brasil. Inclusive, o Supremo fez porque é pedido dele. Como é que o Toffolil e o Gilmar fazerm uma p*** dessa? Se os dois tivessem votado contra, não dava. Nomeou uns ministro de m*** com aquele modelo.

SARNEY ? Todos.

Gravações de conversas entre o ex-presidente da Transpetro e caciques do PMDB divulgadas esta semana indicam articulações políticas para tentar barrar a Lava-Jato. Em um dos áudios, reproduzido na noite de quarta-feira pelo “Jornal da Globo”, o presidente do Senado, Renan Calheiros, fala com Machado e Sarney em como acessar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava-Jato Teori Zavascki. O grupo cita o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Cesar Asfor Rocha e o advogado Eduardo Ferrão. Em outro diálogo entre Renan e Machado, os dois fazem críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chamado de “mau caráter”, e a políticos.

Machado fez delação premiada na Lava-Jato, já homologada por Zavascki. Numa série de depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República, ele falou sobre a arrecadação de dinheiro de origem ilegal para políticos aliados, entre eles Sarney, Renan e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR). Um áudio envolvendo Jucá, divulgado na última segunda-feira, acabou levando a sua saída do governo de Michel Temer.

SUBSTITUIÇÃO DE DILMA

Numa das conversas divulgadas pelo “Jornal Nacional”, Machado e Sarney especulam quem substituiria a presidente Dilma Rousseff.

MACHADO ? Saindo o Michel, e aí como é que fica? Quem assume?

SARNEY ? […] Eleição. E vai ter muito, um Joaquim Barbosa desses da vida.

MACHADO ? Ou um Moro… O Aécio pensa que vai ser ele, não vai ser não.

SARNEY ? Não, não vai ser ele, de jeito nenhum!

MACHADO ? E quem que assume a presidência, se não tem ninguém?

SARNEY ? O Eduardo Cunha.

MACHADO ? E ele não vai abrir mão de assumir, não.

SARNEY ?- Não… No Supremo não tem . Não tem ninguém que tenha competência pra tirá-lo. Só se cassarem o mandato dele. Fora daí, não tem. Como é que o Supremo vai tirar o presidente da Casa?

Em outra conversa com o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR), Machado tratam de uma reunião com a cúpula do PSDB também sobre sucessão de Dilma.

JUCÁ ? Falar com o Tasso, na casa do Tasso. Eunício, o Tasso, o Aécio, o Serra, o Aloysio, o Cássio, o Ricardo Ferraço, que agora virou psdbista histórico. Aí, conversando lá, que é que a gente combinou? Nós temos que estar junto para dar uma saída pro Brasil (inaudível). E, se não estiver, eu disse lá, todo mundo, todos os políticos (inaudível), tão f***, entendeu? Porque (inaudível) disse : ‘Não, TSE, se cassar…’. Eu disse : ‘Aécio, deixa eu te falar uma coisa: se cassar e tiver outra eleição, nem Serra, nenhum político tradicional ganha essa eleição, não. (inaudível), Lula, Joaquim Barbosa… (inaudível) Porque na hora dos debates, vão perguntar: ‘Você vai fazer reforma da previdência?’ O que que que tu vai responder? Que vou! Tu acha que ganha eleição dizendo que vai reduzir aposentadoria das pessoas? Quem vai ganhar é quem fizer maior bravata. E depois, não governa, porque a bravata, vai ficar refém da bravata, nunca vai ter base partidária…’ (inaudível) Esqueça!