Cotidiano

Santos e Uribe acertam começo de ajustes ao acordo de paz com as Farc

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BOGOTÁ ? Em uma reunião de mais de três horas, o presidente Juan Manuel Santos e o senador e ex-presidente Álvaro Uribe, que liderou a campanha pelo ?não? no plebiscito de paz com as Farc encontraram pontos em comum para negociar um acordo definitivo de união com a guerrilha. Segundo Santos, há apenas “alguns pontos para serem modificados” junto aos defensores da revisão do pacto. As negociações de ajustes começam já na quinta-feira. santos & uribe

? A paz da Colômbia está próxima, e vamos alcançá-la ? disse Santos, que defendeu a perseverança nas negociações com os opositores.

Os dois líderes acertaram começar na quinta-feira ajustes ao texto do acordo final de paz com as Farc, para enfim submetê-lo à guerrilha.

O encontro foi acompanhado por altos dirigentes de ambos os rivais políticos. Do lado de Uribe, estiveram na comitiva o congressista Iván Duque e o líder de seu partido, o Centro Democrático, Óscar Iván Zuluaga. Já o governo contou com os principais ministros envolvidos nas negociações, como a chanceler María Ángela Holguín e o chefe da Defesa, Luis Carlos Villegas, além de alguns líderes das conversas com a guerrilha em Havana.

Uribe disse, na saída do encontro, que encontrou “boa vontade por parte de Santos”, seu ex-ministro da Defesa.

? Manifestamos ajustes e propostas que deverão ser introduzidos aos textos negociados em Havana para buscar um novo acordo de paz que vincule todos os colombianos. O presidente expressou vontade de consegui-lo. Pedimos compreensão. É o melhor para a paz a todos do que um acordo débil para a metade dos cidadãos.

Uribe ainda manifestou esforço por transparência no momento:

? Os acordos não podem se assimilar a um tratado internacional ou a um acordo especial depois de terem sido rechaçados pelo povo.

O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, disse que o encontro foi “um bom começo do diálogo”.

Antes de ver Uribe, Santos se reuniu com o ex-presidente Andrés Pastrana, que também foi abertamente contrário à condução do processo de paz.

? O ‘não’ uniu os colombianos. 99% do país está convencido e estamos com a paz. Nunca um presidente da Colômbia havia tido tanto respaldo. Há um documento-base importante que é o de Havana, há coisas boas a resgatar e outras que devem ser implementadas ? disse Pastrana ao fim de seu encontro com Santos.

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APELO DE URIBE POR ‘ACORDO PARA TODOS’

Mais cedo, Uribe afirmou que ?é preciso revisar alguns pontos? do acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), ?e não poucos?.

? A primeira coisa que queremos saber é se há vontade de modificar os acordos alcançados em Havana ? disse o ex-presidente em entrevista à Rádio Caracol.

Muita expectativa cerca a reunião entre os dois ex-aliados e atuais rivais políticos, que não se encontram há seis anos. As declarações de Uribe mostram ainda que as dificuldades que devem surgir durante a reunião.

Para o ex-presidente, o governo já conhece os argumentos da oposição, e ?o caminho correto? seria escutá-los, responder se pode aceitá-los e então liderar as mudanças.

Entre as alteraçãos defendidas pelo Centro Democrático, partido de Uribe, estão penalidades maiores para os comandantes da guerrilha, que poderiam ser cumpridas, por exemplo, em áreas agrícolas. Sobre combatentes rasos, a legenda concorda que sejam reintegrados à sociedade sem sanções. Por outro lado, ele defende que militares não sejam submetidos a tribunais.

Uribe manifestou ainda sua preocupação com a decisão de Santos de estabelecer o dia 31 de outubro como a data limite para o cessar-fogo bilateral e com um possível recrudescimento da violência envolvendo também a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos criminosos de direita.

Ele criticou a chanceler María Ángela Holguín, que duvidou que um acordo melhor possa ser alcançado.

? Ela está num plano que entrega a democracia às Farc.