Cotidiano

Saneamento: especialista destaca que há senões na iniciativa privada

RIO – Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Thiago Guedes de Oliveira vê com preocupação o incentivo à privatização no setor de saneamento.

Como vê o interesse do governo em incentivar o setor privado no saneamento?

A ideia de que a privatização elevará investimentos é falsa. Isso será feito pela majoração da tarifa ou pelo financiamento subsidiado. O que interessa ao setor privado são municípios maiores, com estrutura consolidada.

Há cidades sob gestão privada com boa classificação em rankings de qualidade…

Melhores serviços estão privatizados porque são bons. Não são bons porque estão privatizados. A lógica privada guia-se pelo lucro, nem sempre alinhada aos interesses de usuários.

Qual é a alternativa então?

O serviço público mostrou que não é eficiente, mas também há senões na iniciativa privada. Nos países escandinavos, o governo controla a política de saneamento e estimula a participação privada na área operacional. Na Inglaterra e na França, a privatização foi feita depois da universalização. Mesmo com regulação, se viu forte aumento de tarifas na Inglaterra. Muitos municípios franceses estão retomando o serviço. Não se pode deixar a iniciativa privada controlar decisões.