Cotidiano

Samarco deixa de pagar juros de bônus de US$500 milhões, diz banco

2016 893162588-2016 893102211-201603021914200782.jpg_20160302.jpg_20160303.jpgSÃO PAULO – A mineradora Samarco, a empresa brasileira de minério de ferro que suspendeu suas operações em novembro de 2015 após um desastre em uma barragem, deixou de fazer o pagamento de juros de um bônus que venceu nesta segunda-feira, disse o banco custodiante Bank of New York Mellon Corp.

Como resultado, a Samarco tem 30 dias para fazer o pagamento, ou então investidores que detêm ao menos 25% do bônus de US$ 500 milhões poderão declarar o vencimento imediato do principal, de acordo com termos contratuais do bônus com vencimento em setembro de 2024 e cupom de 5,375%.

A Samarco, bem como as suas controladoras Vale e a BHP Billiton, não quiseram comentar o assunto. Ao menos dois detentores de bônus disseram que o pagamento que venceu nesta segunda-feira era de cerca de US$ 13,5 milhões.

?Não recebemos qualquer dinheiro ou informação da Samarco hoje?, afirmou em comunicado à Reuters, nesta segunda-feira, um porta-voz do Bank of New York Mellon.

O preço do bônus caiu para 33,625 centavos por dólar, oferecendo um rendimento de 24,886% na segunda-feira, ante preço de 34,25 centavos na sexta-feira. O preço do bônus caiu de cerca de 87 centavos em novembro, quando a barragem de rejeitos da mineradora em Mariana (MG) se rompeu, gerando um rio de lama que matou 19 pessoas, deixou centenas desabrigadas e poluiu o Rio Doce, no que é considerado o maior desastre ambiental do país.

Detentores de bônus e analistas disseram que a decisão de segunda-feira pode desencadear uma nova rodada de negociações com os detentores de bônus, em meio a crescentes incertezas sobre quando a empresa vai retomar suas atividades.

A Samarco tem US$ 2,2 bilhões de dívidas em bônus e cerca de US$ 1,6 bilhão em empréstimos bancários, e tem que pagar em juros de três bônus US$ 54 milhões até novembro.

O não pagamento dos juros evidencia a relutância das donas da Samarco em oferecer mais recursos para a empresa, após aceitarem pagar até R$ 20 bilhões em multas e compensações relativas ao desastre de Mariana.