Cotidiano

Salvador e Recife, manguebeat e Tropicália: o encontro entre Nação Zumbi e Gilberto Gil no Rio

RIO ? A entrada da Nação Zumbi no palco coberto montado na Marina da Glória para o festival Pepsi Twist Land, já nas primeiras horas desta sexta-feira, não foi o suficiente para aliviar completamente o ar de expectativa que tomava o público ? de bom número para um quinta-feira chuvosa, diga-se. Links Nação Zumbi

Não que a banda pernambucana tenha feito feio em um show marcado para exatos 20 anos depois da morte de seu primeiro frontman e compositor dos grandes sucessos da Nação, Chico Science. Muito pelo contrário. Comandado pela voz grave de Jorge Du Peixe, pelos solos afiados de Lúcio Maia e pela sua cozinha percussiva, o grupo passou por sucessos de outrora ? “A praieira”, “Manguetown”, “Da lama ao caos” ? e por canções mais recentes ? “A melhor hora da praia”, “Um sonho” ? com a destreza habitual que a mantém, há anos, no rol de grandes bandas do rock nacional.

Mas, como diz a letra de uma música que seria entoada em coro nos minutos seguintes, “a novidade era o máximo”. E, para a grande maioria do público presente, o encontro entre o manguebeat da Nação Zumbi e toda a baianidade tropicalista de Gilberto Gil era a boa nova que a fez pagar até R$ 120 para o evento, que contou ainda com uma apresentação morna do Dream Team do Passinho cantando Jackson 5.

Havia, claro, a preocupação quanto às condições de Gil, após um 2016 marcado por sustos ? aos 74 anos, o músico passou (e ainda passa) por um desgastante tratamento de insuficiência renal que o faz ser internado mensalmente para exames. Mas, com a força de sempre, o cantor e compositor tranquilizou os fãs assim que entrou no palco para dividir com Du Peixe os vocais de “Refazenda”, do álbum homônimo que Gil lançou em 1975.

Guitarra em punhos e agudos afinados, o baiano não só cantou, como regeu com maestria o público, seja nas palminhas, seja nos coros, ao longo das cinco canções em que esteve no palco. A cada intervalo entre uma ou outro, sonoros aplausos de reverência tomavam conta do espaço, como em um agradecimento pelo esforço.

Gil e Nação cantaram ainda “Filhos de Ghandi”, a supracitada “A novidade” e “Macô”, música que a banda pernambucana lançou no clássico “Afrociberdelia” e que contou com a participação de Gil nos vocais. Lembraram, claro, do emblemático show que fizeram juntos, em 1995 ? quando Chico Science ainda promovia sucessivas revoluções na música brasileira ?, no Central Park, em Nova York.

A dobradinha foi encerrada com o hit “Maracatu atômico”, composição de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, gravada tanto por Gil (em 1974) quanto pela Nação Zumbi (em 1996). A participação de Mautner foi muito mais simbólica e romântica do que exatamente musical ? aparentando abatimento, o carioca de 76 anos errou o tom em praticamente todas as entradas. Mas foi o suficiente para encerrar a noite com o tal clima de reverência que ela merecia.

Programação do Pepsi Twist Land

Sexta:

Pista 2 ? Banda Uó

Pista 2 ? Liniker convida As Bahias e a Cozinha Mineira

Pista 1 ? Johnny Hooker convida Caio Prado

Festa Santo Forte ? DJ Tutu Moraes

Sábado:

Pista 2 ? Festa Nas Internas

Pista 1 ? Criolo

Pista 2 ? Festa Nas Internas

Quinta, dia 9:

Pista 2 ? Clarice Falcão

Pista 1 ? Céu convida Lenine

Pista 2 ? Festa Selvagem

Sexta, dia 10:

Pista 2 ? Otto

Pista 1 ? Baiana System convida Larissa Luz

Pista 2 ? Festa Sopa

Sábado, dia 11:

Pista 1 ? Festa Vambora com participação do RiocoreAllStars

Pista 2 ? Festa Malaka

Onde: Marina da Glória ? Avenida Infante Dom Henrique, s/n, Glória (2555-2200).

Quando: Dos dias 2 a 11 de fevereiro. Quintas e sextas, das 21h às 5h; sábados, das 22h às 5h.

Quanto: À quintas, R$ 100,00 e R$50 (meia); sextas e sábados, R$ 120 e R$ 60 (meia). Ingressos à venda pelo site www.pepsitwistland.com.br e, na hora, na bilheteria

Classificação: 18 anos