Cotidiano

Rússia liberta piloto que se tornou símbolo da guerra na Ucrânia

2015 789922965-20150210155901630rts.jpg_20150210.jpg

KIEV/MOSCOU – Num sinal de reaproximação após os duros confrontos que deixaram milhares de mortos durante 2014 e o início de 2015 no Leste Ucrânia, a Rússia devolveu ao país vizinho a piloto Nadezhda Savchenko, principal prisioneira política do conflito. Em troca, a Ucrânia libertou dois russos detidos por crimes em seu território. Mais de 9 mil pessoas morreram na guerra.

De acordo com o Gabinete do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, os russos estão sendo levados para Rostov-on-Don enquanto Savchenko é devolvida ao país.

A piloto havia sido condenada em março por um tribunal russo a 22 anos de prisão por cumplicidade no assassinato em junho de 2014 de dois jornalistas na região Leste da Ucrânia. Ela é acusada de ter informado ao exército ucraniano no dia 17 de junho de 2014 sobre o local onde estavam os jornalistas da televisão pública russa Igor Korneliuk e Anton Voloshin, mortos por um tiro de morteiro na região separatista.

Savchenko, 36 anos, sempre negou as acusações e afirma que foi capturada pelos rebeldes pró-russos e levada à Rússia antes que os dois jornalistas morressem.

Detida há praticamente dois anos, Savchenko desafiou abertamente o poder russo durante sua detenção e seu julgamento, o que a fez ganhar uma grande popularidade na Ucrânia. Eleita simbolicamente deputada durante sua detenção, fez uma greve de fome por mais de 80 dias, entre dezembro de 2014 e março de 2015.

O governo de Kiev e os países ocidentais denunciaram que o julgamento de Savchenko é “político” e consideram a piloto “uma vítima das operações russas na Ucrânia”.

A mulher de Poroshenko chegou a apelar à primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, para que se some à campanha internacional em favor de Savchenko. No início de março, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini, já havia pedido às autoridades russas que libertassem “imediatamente e sem condições” a piloto.

Mesmo antes da guerra, ela era considerada uma espécie de heroína nacional por ser uma das primeiras mulheres pilotos de combate da Ucrânia ? foi, inclusive, tema de documentário. No Iraque, serviu como paraquedista apoiando os EUA na guerra.