Cotidiano

Rússia acusa Turquia de municiar jihadistas na Síria

GENEBRA ? Em uma carta enviada ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, acusou cinco companhias turcas de entregarem componentes de artefatos explosivos ao Estado Islâmico. De acordo com o documento, os artefatos ?vêm sendo usados amplamente em atos terroristas?.

Segundo Churkin, análises de componentes químicos capturados de membros do grupo em Tikrit, no Norte do Iraque, e em Kobani, na Síria, ?mostram que eles foram fabricados na Turquia ou levados ao país sem que pudessem ser reexportados?.

?Detonadores fabricados em outros países foram revendidos ilegalmente na Turquia a combatentes do Estado Islâmico?, afirma o embaixador. ?Esses fatos provam que as autoridades turcas estão deliberadamente envolvidas nas atividades do grupo, já que providenciam acesso a componentes para bombas de fabricação caseira que são usadas em atos terroristas?.

A Turquia foi acusada diversas vezes de ajudar e encorajar grupos militantes que atuam na Síria e até mesmo treinar e armar extremistas, facilitando sua passagem pela fronteira com a Síria. O governo turco também é acusado de comprar petróleo contrabandeado pelo EI.

O Ministério das Relações Exteriores da Turquia classificou a carta como ?o mais recente exemplo da campanha de propaganda da Rússia contra a Turquia, e como tal, não deve ser levado a sério?.

A Rússia, principal aliado do presidente sírio, Bashar al-Assad, e a Turquia, um dos principais aliados da oposição síria, têm vivido momentos de tensão durante os cinco anos de conflito no país. O clima ficou mais pesado após a derrubada de um avião russo próximo à fronteira síria em novembro do ano passado.

Moscou retaliou deslocando misseis de longo alcance para sua base na Síria e impondo sanções econômicas à Turquia. O presidente russo, Vladimir Putin, acusou Ancara de ?permitir que terroristas ganhem dinheiro vendendo petróleo roubado da Síria? e o alto escalão do Exército russo acusou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan e sua família de se beneficiarem pessoalmente do comércio de petróleo com o Estado Islâmico.