Opinião

Roupa suja lavada na rua

Por Carla Hachmann

Pelo menos 118 cidades das mais de 5 mil do País registraram atos alusivos à greve geral deflagrada nessa sexta-feira pelas centrais sindicais. Em algumas, como em Curitiba, houve confusão, veículos queimados e até feridos. Totalmente desnecessário.

Muitas vezes, o recurso das ruas parece ser banalizado. Basta ver o teor das manifestações. O que era para ser um “protesto contra a reforma da Previdência” vira uma lavação de roupa suja das mais diversas instâncias, sem foco, por puro egocentrismo de quem gosta de protestar por protestar.

Quando misturam demandas particulares, ideologias próprias ou reivindicações em benefícios a si mesmos, desvalidam o poder do povo. Tratam um instrumento precioso como se fosse um artigo banal.

As Diretas Já, o movimento Fora Collor e os protestos de 2013 provocaram profundas mudanças porque tinham propósito e pauta comum. Em 2016 o povo impulsionou um impeachment de presidente. E agora, querem o que exatamente?

O País precisa das grandes reformas, que foram sendo adiadas governo após governo por mero populismo. Estamos indo para o quinto ano de crise, com a economia se retraindo quando todos esperavam a tão demorada reação. O que mais precisamos esperar acontecer para que algo seja feito?

Demagogia não gera emprego nem renda, não promove ajuste fiscal nem põe a economia para rodar. Discurso demagógico é ferramenta de quem não quer perder a mordomia nem as benesses.

É claro que há muita coisa errada e muito a ser feito. Mas se vamos lutar por elas, que esse seja o foco. Não adianta bagunçar o coreto apenas porque não gosta da toada.