Cotidiano

Romance narra história de ex-combatente do Reich exilado no Rio

60150888_SC - Ubiratan Muarrek autor de %27Um nazista em Copacabana%27.jpgRIO ? O título do novo livro de Ubiratan Muarrek, lançado nove anos depois da estreia do jornalista na ficção (com ?Corrida do membro?), pode fazer um leitor inadvertido achar que se trata de mais um romance histórico, daqueles que preenchem estantes e estantes das livrarias. No entanto, ?Um nazista em Copacabana? é radicalmente atual, e trata de questões correntes na sociedade brasileira. links livros 30.7

? É um livro sobre como vivemos hoje ? assegura Muarrek. ? Quis seguir a tradição dos romances mais realistas.

Com medidas iguais de humor e ironia, Muarrek conta a história de Otto Funk, ex-combatente do Reich exilado no Brasil, por meio da filha dele, Diana. Grávida, a mulher deixa a cidade de São Bernardo do Campo (SP) para voltar à casa da mãe, Iracema, no Rio. O retorno reacende uma porção de memórias da família.

Otto deixou a Alemanha e chegou ao Rio em 1947, logo depois da derrocada de Hitler, disposto a deixar os anos de guerra para trás. Diana sai do ABC paulista após ver o marido, que ganhou de Muarrek o nome de Delúbio, se envolver em um esquema de corrupção no governo local. A necessidade de escapar une as narrativas:

? O livro trata de fugas de uma maneira geral ? conta o autor. ? Otto foge de uma realidade que o oprimia. A Diana tem o DNA da fuga impregnado nela. Por opressões distintas, ela também adota esse recurso, buscando uma coisa que é melhor para ela.

CRÍTICA A GOVERNOS

Apesar do nome dado ao marido de Diana, xará do ex-tesoureiro petista preso pela Operação Lava-Jato, Muarrek nega que ?Um nazista em Copacabana? funcione como uma crítica direcionada a um partido específico. Ele explica:

? É claro que você não faz um romance e usa um nome desses impunemente. Ele remete a uma certa realidade ? afirma. ? É uma crítica a todos os governos que tivemos até hoje. Seria má literatura fazer um ataque frontal a qualquer partido político em um livro.

Misturar passado e presente de maneira tão radical pode ser arriscado, mas ele diz não se preocupar:

? Sem correr riscos, você não faz literatura. O abismo é o elemento fundamental da experiência literária.