Cotidiano

Rodrigo Maia diz que não vai retaliar adversários caso dispute e vença a eleição na Câmara

INFOCHPDPICT000063637065

BRASÍLIA ? O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prometeu nesta quinta-feira que não fará “patota” e que não haverá “retaliação” aos adversários numa nova disputa pelo comando da Casa. Maia disse que sua candidatura está “amadurecendo” e que nos próximos dias tomará uma decisão final, embora já tenha falado mais à vontade sobre o assunto nesta quinta. Num recado a outros candidatos, Maia disse que a disputa deve se encerrar no dia da eleição e que quem não agir desta forma não merece presidir a Câmara. Maia

? A montagem da Mesa não depende da minha candidatura. É claro que no dia seguinte não haverá retaliação com ninguém, o processo de disputa eleitoral é democrático. Só falta alguém disputar uma eleição na Câmara, que é o poder mais importante da democracia, e porque outra deputado disputou, outro partido disputou e porque você ganhou, vai retaliar. Aí, não é democrático. Aí, não cabe nem essa pessoa presidir a Câmara ? disse o presidente, que assumiu um mandato-tampão, depois da renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Maia se negou a responder a uma pergunta sobre denúncias feitas pelo líder do PTB, Jovair Arantes (PTB-GO), de que o governo estaria distribuindo cargos para ajudar o atual presidente da Câmara. Ele ignorou a questão. Oficialmente, o Planalto diz que não tem candidato favorito, mas há um apoio discreto ao atual presidente.

O deputado disse que tem dialogado com diversos grupos dentro da Casa na atual gestão e disse que isso tem sido reconhecido. Ele tem mantido contato com parlamentares para garantir apoio à sua candidatura. E voltou a dizer que acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) não interferirá na disputa interna da Câmara.

? Tive orgulho outro dia quando o deputado Jarbas Vasconcelos disse que estava muito satisfeito com minha Presidência porque eu não tinha criado patota na Câmara. Esse é o caminho. O caminho de não restringir o poder a poucos, de dividir o poder com todos os deputados. Tivemos na última eleição, a qual eu venci, muitos candidatos. E, no dia seguinte, partilhei o poder da Câmara com todos. Não fiz nenhuma distinção. Esse é o princípio básico do processo eleitoral na Câmara: que a gente faça a disputa e que a gente possa construir, logo no dia seguinte, a unidade política na Casa ? ressaltou.

O deputado disse ainda que a disputa, se ocorrer, será no campo das ideias.

? Da mesma forma que nos próximos dias posso colocar o meu nome, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), o deputado André Figueiredo (PDT-CE) colocaram os deles. Isso é legítimo. Vamos fazer a disputa, se assim for minha decisão, no campo das ideias para que a Câmara saia fortalecida ? disse Maia.

Ao ser perguntado se estava mais à vontade ao falar da campanha, Maia sorriu e respondeu:

? Está amadurecendo. Vai chegar a hora em que a gente vai conseguir tomar essa decisão com apoio necessário e para que seja um caminho que garanta, que mantenha aquilo que construímos em conjunto com todos os deputados, uma harmonia na Casa, num ambiente menos radicalizado, onde prevaleça o debate das ideias e não o conflito pessoal entre os parlamentares, o que só atrapalhava o processo legislativo e a relação do processo legislativo com os outros Poderes.

Maia disse ainda que haverá o momento de se discutir essa proibição à reeleição ao comando da Câmara. Numa crítica, ele disse que a regra foi criada durante a ditadura militar.

? O Supremo não vai, de forma nenhuma, interferir nesse processo. É um processo, e os pareceres mais importantes tratam disso, que é uma decisão política da Casa. Podemos discutir, com calma, quando e como foi criada a impossibilidade da recondução. Ela foi criada no regime militar ? disse ele.

A Constituição afirma que as mesas diretoras do Congresso serão eleitas para um mandato de dois anos, sem possibilidade de reeleição dentro da mesma legislatura. Maia alega que a vedação para disputar novamente não se aplica a ele, uma vez que foi eleito para um mandato-tampão de seis meses. Já seus adversários afirmam que a lei veda a segunda disputa, não importando o tempo de mandato. Adversários de Maia já ingressaram com duas ações no Supremo Tribunal Federal. A corte ainda não se posicionou em relação ao mérito da questão.