Cotidiano

Rodrigo Maia diz que críticas de Gilmar à Lava-Jato 'precisam ser muito bem ouvidas'

2016 934248202-201608241415173857.jpg_20160824.jpgBRASÍLIA – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), saiu em defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que criticou os investigadores da Operação Lava-Jato. Segundo Maia, palavras proferidas por um ministro dessa qualidade têm que ser ouvidas com atenção. Os dois se encontraram na manhã desta quinta-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é presidido pelo ministro.

Na terça-feira, Gilmar atribuiu ao Ministério Público Federal (MPF) o vazamento de trecho de uma delação premiada da Lava-Jato e chamou policiais e procuradores de ?falsos heróis? alimentados pela imprensa. As declarações geraram reação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que negou ter partido do MPF o vazamento. Associações que representam juízes e integrantes do Ministério Público também criticaram Gilmar.

– Quando um ministro como o Gilmar Mendes faz críticas, elas precisam ser muito bem ouvidas. Nós temos dois ouvidos pra ouvir muito, principalmente pessoas com a qualidade do ministro Gilmar Mendes. Quando ele faz a crítica, ninguém tem de se sentir ofendido ou atacado. As pessoas têm de aproveitar que um ministro da qualidade do ministro Gilmar Mendes coloca um ponto de vista e avaliar por que ele fez aquela crítica – afirmou Maia.

Gilmar também criticou uma das dez medidas propostas pelo Ministério Público contra a corrupção que tramitam como projeto de lei de iniciativa popular no Congresso Nacional. Ela permite que provas colhidas de forma ilícita sejam utilizadas em investigações, depois que ponderados os interesses em jogo. Gilmar disse que quem faz uma proposta dessa sofre de “cretinismo” e chegou a dizer que isso poderá ser usado para justificar até mesmo a tortura. Maia disse que não tratou desse assunto, que está em discussão na Câmara, na reunião com Gilmar, mas defendeu o direito dele de fazer críticas.

– Não falamos, essa questão está na comissão ainda. Quando chegar o momento adequado, é claro que vamos discutir, queremos ouvir todos, inclusive o ministro com a experiência e qualidade de Gilmar Mendes. Toda vez que o ministro Gilmar Mendes faz críticas, elas precisam ser ouvidas com muita atenção por todos, principalmente pelo relator das dez medidas (o deputado Onyx Lorenzoni, do DEM do Rio Grande do Sul) – disse Maia.

Sobre o encontro, o presidente da Câmara disse disse que conversaram sobre conjuntura, inclusive sobre o fim do financiamento empresarial de campanha, o que deverá fazer com que os candidatos a prefeito e vereador tenham menos recursos este ano. Mas negou que tenham tratado do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em discussão no Senado, ou ideias para uma reforma política.

Questionado se o financiamento empresarial deve ser restabelecido, Maia voltou a dizer que acha difícil que isso ocorra. Segundo ele, mesmo que fosse permitido o financiamento empresarial, as próprias empresas teriam resistência em doar recursos neste momento.

– A Câmara votou já (a questão), essa matéria está no Senado. Eu acho que é muito difícil que volte, não apenas na lei, mas também pela decisão das empresas de voltar a financiar a política brasileira, pelo tamanho da crise que a política vive. Acho que política vai ter de encontrar caminhos para reformar o sistema, para gerar legitimidade, credibilidade, para que as empresas possam no futuro voltar a doar – disse o presidente da Câmara.