Cotidiano

Rodrigo Maia desiste de construir novo anexo na Câmara em seu mandato

Ed. Anexo IVB_Vista Externa 01.jpg

BRASÍLIA ? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), confirmou nesta terça-feira que desistiu, ao menos nos seis meses de seu mandato-tampão, do projeto de construir um novo anexo na Casa, que estava orçado em R$ 320 milhões. Apesar de as primeiras sondagens de perfuração do solo já terem começado, a um custo de cerca de R$ 50 mil, Maia disse que não é “uma boa sinalização” gastar esse dinheiro diante da crise econômica que o país atravessa e num momento em que é preciso enxugar o tamanho do estado.

? Desisti do anexo, não é o momento da Câmara utilizar recursos públicos para a construção. Num momento de crise não cabe esse investimento, não é uma boa sinalização, para quem precisa diminuir o tamanho do estado, estarmos investindo um volume grande de dinheiro da Câmara. Não vai cair bem aos ouvidos da sociedade ? disse o presidente.

Maia recebeu, na tarde desta terça, em seu gabinete, o primeiro secretário da Casa, Beto Mansur (PRB-SP), um dos defensores do projeto do anexo 4B. E disse ao deputado que a Câmara pode voltar a falar em erguer o novo prédio em um momento de crescimento econômico:

? Disse ao deputado Beto Mansur que podemos modernizar num momento adequado, de crescimento econômico. Enquanto a taxa de juros estiver alta a Câmara tem dinheiro em caixa e rendendo para que no futuro possa usar esses recursos.

MANSUR DEFENDE NOVO ANEXO

Preocupado com as declarações de Rodrigo Maia de que não pretendia tocar as obras do novo prédio durante o mandato, Mansur o procurou, antes do anúncio sobre a desistência, para mostrar que é preciso dar continuidade ao que já foi contratado. Mansur enviou a ele um e-mail mostrando quais os passos que já foram tomados e porque não poderia interromper, neste momento, as obras de sondagens já em andamento.

No e-mail, ele descreve que a Parceria Público-Privada (PPP) não foi adiante porque não houve interesse das empresas, e o que está em andamento são as etapas preliminares para a construção do prédio menor, ao lado do anexo IV onde ficam os gabinetes, o que Mansur considera um projeto “pé no chão”.

? Mandei o e-mail para ele no sábado e hoje falei com ele. A gente precisa deixar pelo menos aprovado algo para o futuro. Tenho que fazer a sondagem para aprovar o projeto no GDF (governo do Distrito Federal). A sondagem diz as condições do solo, qualidade, se tem água. Tenho contrato assinado, não tenho como parar ? afirmou Beto Mansur, acrescentando:

? O projeto do prédio é pé no chão, temos dinheiro para isso. É só para embasar a proposta. A licitação só será feita no ano que vem.

Em junho, o deputado lançou uma etapa preliminar da construção do anexo 4B. Trata-se, por enquanto, apenas de um buraco aberto no asfalto de um dos estacionamentos da Casa para testar o solo do local e, a partir das perfurações, ver até que profundidade a obra poderia avançar.

O anexo 4B estava previsto para ficar pronto em 2020 e foi o que restou do projeto do polêmico Parlashopping, estimado em R$ 1 bilhão e uma das principais bandeiras do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), incluído como um jabuti numa Medida Provisória e que permitia à Câmara fazer uma PPP para tocar a obra. O plano inicial era construir um complexo bilionário, com um prédio de dez andares para abrigar gabinetes de deputados, além de um edifício de três pisos, com cinco de garagem subterrânea, e um espaço que abrigaria lojas.

Após o recuo, em outubro do ano passado, por conta da crise econômica e críticas da opinião pública, a Mesa Diretora da Câmara decidiu tocar apenas a construção do novo anexo, que não contará com lojas no espaço. O novo anexo, previsto para ser construído em quatro anos, será um edifício horizontal de concreto armado, com três andares acima do solo, um pavimento inferior e seis subsolos de garagens. Além de gabinetes para os deputados, haverá um restaurante, uma lanchonete e um grande auditório onde parlamentares poderão realizar audiências. Quando ficar pronto, a ideia é que o prédio abrigue todos os gabinetes que hoje estão no anexo III.