Cotidiano

RODOVIAS DO PARANÁ: Um mês sem pedágio, mas com problemas e sem controle de fluxo

Neste primeiro mês sem concessão, foram registrados 336 acidentes nas rodovias, sendo que 371 vítimas, foram socorridas pelas equipes da força-tarefa montada pelo Governo do Paraná

Encerramento dos atuais contratos de concessão de rodovias no Paraná. Abertura das catracas da praça de pedágio da Ecovia, na BR-277, em São José dos Pinhais, ocorrida à 0h00 deste domingo. - Curitiba, 28/11/2021 - Foto: Ari Dias/AEN
Encerramento dos atuais contratos de concessão de rodovias no Paraná. Abertura das catracas da praça de pedágio da Ecovia, na BR-277, em São José dos Pinhais, ocorrida à 0h00 deste domingo. - Curitiba, 28/11/2021 - Foto: Ari Dias/AEN

Cascavel – O Paraná completou o primeiro mês sem cobrança de tarifas de pedágio nas rodovias que foram o Anel de Integração do Estado na última semana de 2021 e, consequentemente, sem o atendimento das concessionárias que administravam os trechos aos usuários das rodovias.

Desde o dia 28 de novembro, quando os contratos com as concessionárias se encerraram, o socorro médico aos motoristas e passageiros vítimas de acidentes nas estradas paranaenses passaram a ser responsabilidade do Corpo de Bombeiros, por meio do Siate e Samu. Neste primeiro mês sem concessão, foram registrados 336 acidentes nas rodovias, sendo que 371 vítimas, foram socorridas pelas equipes da força-tarefa montada pelo Governo do Paraná para manter o atendimento mínimo nas rodovias.

Entretanto, neste primeiro mês com as cancelas abertas, alguns problemas foram verificados nas rodovias, como mal estado de conservação de alguns trechos que eram administrados pela iniciativa privada. Além disso, o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) do Paraná e o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) não possuem o controle do fluxo de veículos que cruzaram as estradas neste período.

Quando as rodovias estavam cedidas à iniciativa privada o controle do tráfego era realizado pelas empresas e os dados disponibilizados na ferramenta do “Pedagiômetro”, no site da Agepar e do DER. Entretanto, agora que não há mais concessão, o governo não sabe mais quantos e nem os tipos (carros pequenos, ônibus, caminhões) de veículos que utilizam as rodovias.

 

Sem controle

A assessoria de imprensa do DER informou que não possui esses dados e que informações a respeito de atendimentos de socorro, guincho ou similares, são de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Rodoviária Estadual e Corpo de Bombeiros.

Já o DNIT, informou que não foi possível registrar estatisticamente o fluxo de veículos, pois não possui equipamentos contadores de veículos instalados nessas rodovias. Entretanto, informou que está sendo observada, na prática, uma maior utilização das rodovias que eram concessionadas, principalmente devido à sua maior fluidez.

Somente a PRF informou que registrou um aumento no fluxo de veículos. Segundo eles, neste primeiro mês, somente na região de Cascavel foi possível apurar que o tráfego aumentou em até 40% em relação ao período que havia concessão.

 

Auditoria

Em dezembro, o DER divulgou o resultado de uma auditoria realizada nas rodovias do Anel de Integração do Paraná. Segundo o levantamento realizado entre abril e setembro, foi verificado que as seis concessionárias de pedágio encerraram seus contratos com irregularidades na superfície do pavimento, o que afeta o deslocamento de veículos, aumenta o desgaste e prejudica a drenagem de águas da chuva.

Pelo levantamento, cerca de 18,7% das faixas de rolamento e acostamentos das rodovias não atendem aos requisitos mínimos de qualidade determinados em contrato. A porcentagem de rodovias com estes problemas em cada lote é de 54% no lote 1 (Econorte), 13% no lote 2 (Viapar), 8% no lote 3 (Ecocataratas), 18% no lote 4 (Caminhos do Paraná), 12% no lote 5 (Rodonorte) e 20% no lote 6 (Ecovia).

O trabalho da auditoria agora está concentrado em quantificar os custos necessários para correção das irregularidades e defeitos nas rodovias, que serão exigidos judicialmente das concessionárias de pedágio como ressarcimento indenizatório ao Estado. Ações semelhantes do DER já resultaram em acordos judiciais para a execução de obras previstas em contrato, que não haviam sido concluídas ou sequer iniciadas.

 

Atendimento conta 29 bases em todo estado

 

O governo do Estado está utilizando os 14 pontos utilizados pelas concessionárias para alocar as equipes de salvamento. Somadas às estruturas dos municípios, são 29 bases em todo o Estado. Mesmo nos lotes 1 (Econorte, na região de Londrina e Cambé) e 4 (Caminhos do Campo, na região de Balsa Nova e Guarapuava), que mantêm o serviço de guincho e de ambulância por acordo judicial, os bombeiros são acionados nos casos de média e alta complexidade, em especial quando há vítimas nas ferragens.

O maior volume de ocorrências nesse período foi na região de Ponta Grossa, com 83 acidentes, seguido do trecho ao redor de Maringá, com 47, e São José dos Pinhais e entorno, com 38.  Outras cidades nas quais foram atendidos acidentes foram: Cascavel (37), Foz do Iguaçu (26), Londrina (25), Apucarana (25), Campo Largo 19, Guarapuava (16) Santo Antônio da Platina (5) e as cidades litorâneas, com 17.

O governo comprou novas ambulâncias para auxiliar o serviço prestado ao usuário. O Siate contava com 29 desses veículos e agora trabalha com 38. No Samu havia 19 ambulâncias, e consórcios feitos com os municípios fizeram o número saltar para 46.

O tempo médio de resposta do Corpo de Bombeiros e do Samu foi de 10,7 minutos entre o acionamento das equipes e a chegada até a ocorrência. Esse tempo de resposta foi possível a partir de investimentos do Governo do Estado e monitoramento dos locais com maior frequência de acidentes, argumentou o coronel Manoel Vasco de Figueiredo Júnior, comandante-geral do Corpo de Bombeiros. “No início o nosso tempo de resposta era de 14 minutos, e em um mês baixamos para menos de 11 minutos”, completou.

Os bombeiros atendem 2,7 mil quilômetros de estradas. Por dia, 93 profissionais atuam nas ambulâncias e nos caminhões de resgate, responsáveis pela sinalização e remoção das ferragens. O programa de diária extrajornada voluntária garantiu o aumento das equipes que se revezam no serviço.

Desde o início do Verão Paraná – Viva a Vida os bombeiros reforçam o atendimento nas regiões com maior concentração de pessoas. Os principais trecho estão entre São José dos Pinhais e o Litoral, além de Foz do Iguaçu e Porto Rico. Nas rodovias estaduais ou federais, sempre que houver acidente com vítima, o usuário deve ligar para o número 193 do Corpo de Bombeiros.