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Rodada chave no vôlei masculino pode embolar meio de campo

VOLLEYBALL-OLY-2016-RIO-BRA-MEXO destino da seleção brasileira masculina de vôlei será traçado neste sábado. Após derrota para os Estados Unidos, na última rodada, o Brasil, com seis pontos, caiu para a terceira colocação na chave A e vai enfrentar a líder Itália, invicta, com nove pontos e matematicamente garantida nas quartas-de-final. O confronto, que marca disputa entre dois excelente levantadores, Bruno e Giannelli, será às 22h35, no Maracãnazinho.

Também neste sábado, os EUA, quinto colocado com três pontos e que se manteve na disputa graças ao triunfo contra o Brasil, jogam com a França, vice-líder com seis pontos, às 17 horas. E o Canadá, quarto colocado, tem confronto fácil com o já eliminado México, às 20h30. Isso quer dizer que o meio de campo pode embolar e, mesmo improvável, essas cinco seleções podem até terminar empatadas com nove pontos na última rodada. A posição na chave seria decidida pelo set average, assim como o segundo eliminado.

Garantir o primeiro lugar significa encarar o quarto colocado do grupo B. Os segundo e terceiros lugares passam por sorteio para a definição dos confrontos da fase seguinte. Desde Londres-2012, essa fórmula elimina “entregadas” de jogo de olho no rival seguinte.

O técnico Bernardinho, que reprovou o passe e a recepção do Brasil na última rodada e botou os atletas para treinar esses fundamentos ontem à noite, espera nova pedreira hoje. Explicou que a tendência é que assim como os EUA e a Sérvia, na decisão da Liga Mundial (Brasil perdeu por 3 a 0), os italianos vão forçar o saque para minar o jogo rápido brasileiro. O saque, principal arma do vôlei moderno, não fez tanto efeito a favor do Brasil.

Outra preocupação do treinador, é com a pressão em momentos decisivos e virar a chave, encarar a Itália sem o resquício da derrota.

? Se nós acreditamos que somos um grande time, não o melhor mas um grande time, não é uma derrota… Os EUA perderam duas vezes e veio como veio. A França perdeu (na estreia para a Itália) e depois ganhou duas partidas. Simples não é. Mas temos de saber lidar. Sabíamos que a chave seria assim, de equilíbrio, de perde e ganha.

O MELHOR DA LIGA MUNDIAL

SimoneGiannelliofItaly.jpgNesse contexto, a pressão sobre os levantadores é imensa. O melhor da posição na última Liga Mundial, encerrada há menos de um mês, na Polônia, e no Campeonato Europeu de 2015, estará do outro lado da quadra. Trata-se de Simone Giannelli, que completou 20 anos na última terça-feira. Ele é o mais jovem levantador da história da Azzurra, com cerca de 30 jogos pela seleção. Ele demonstra tranquilidade incrível como se fosse veterano.

? É, não tenho 40 anos. Mas essa não é uma questão de idade. É de tranquilidade. É que eu quero jogar, gosto de jogar ? fala Giannelli, que teve carreira meteórica.

Em outubro de 2013, com 17 anos, estreou no Campeonato Italiano na série principal, pelo Trentino, estabelecendo recorde no clube (o mais jovem a jogar uma partida da A1 pelo time). Em 2014, definitivamente na equipe principal, foi campeão nacional e MVP das finais. E no ano passado chegou à seleção adulta e já conquistou um bronze no Campeonato Europeu, e uma prata na Copa do Mundo.

? Seguramente existem outros levantadores mais fortes do que eu, como o Bruno (Brasil) e o Toniutti (França) ? opina Giannelli, que se diz fã do americano Lloy Ball, campeão olímpico em Pequim-2008. – O Bruninho é mais veloz mas eu sou mais alto.

Bruno ressalta o fato de Giannelli mostrar personalidade, apesar da pouca idade:

? É o principal ponto. Ele é moderno, saca, bloqueia, defende, joga a jogo. Tenho certeza que só tem a evoluir e será o dono dessa camisa por muito anos ainda. Admiro muito essa força dele ? elogiou Bruno.

Gianlorenzo Blengini, que assumiu o comando da Itália em agosto de 2015, acredita que seu levantador não é o melhor do mundo na atualidade.

? Além da excelente qualidade técnica e física, tem grande maturidade. A idade não pode ser um defeito nem uma exaltação, o importante é ter qualidade e caráter. Nesse sentido, ele é um dos melhores do mundo assim como o Brasil tem o seu ? elogiou Blengini.

William acredita que o título de melhor na posição na última Liga Mundial para o italiano foi precipitado. Cita Bruno (melhor levantador da Liga Mundial e da Copa dos Campeões em 2013 e quatro vezes o melhor na posição na Superliga), Toniutti (melhor levantador da Liga Mundial em 2015 e melhor levantador da liga polonesa, onde atuou em 2016), e Marouf (do Irã; escolhido o melhor levantador na Liga Mundial de 2014 e melhor jogador do Campeonato Asiático de 2013).

? Ele é alto, diferente dos padrões. É novo, está crescendo bastante. Chama a atenção porque entrou bem numa seleção tão tradicional, bancando a posição. É titular absoluto e tem jogado muito bem ? diz William, que ao contrário de Giannelli, estreou na seleção mais velho.

A Itália, que foi medalha de bronze em Londres-2012, superando a França, tem equipe praticamente estreante no evento. Apenas Ivan Zaytsev, de 27 anos, e o capitão Emanuele Birarelli, de 35 anos, estiveram na última Olimpíada. Giannelli busca o primeiro ouro também da seleção italiana, que nunca subiu no lugar mais alto do pódio na competição.

Mas não se engane, a Itália tem tradição e currículo extenso: três Campeonatos Mundiais, uma Copa do Mundo, seis campeonatos europeus, oito Ligas Mundiais e cinco medalhas olímpicas. Apontada como uma das favoritas ao pódio no Rio, levou a prata olímpica em Atlanta-1996 e Atenas, quando perdeu a decisão para o Brasil. A Azzurra também foi bronze em Los Angeles-1984, Sydney-2000 e Londres-2012.

? Tentamos o ouro e não deu.. Faz parte mas acredito que a Itália de hoje, mesmo com jogadores sem experiência olímpica, pode estar entre as quatro melhores. Aposto em Brasil, Itália, França e Estados Unidos ? disse Andrea Lucchetta, ex-central da Itália nos anos 90, que é “apaixonado” pelo que Giannelli faz em quadra. – É o melhor jovem levantador no cenário mundial. E é incrível para a gente porque o teremos no time por sei lá, mais uns dez anos. Hoje, acredito que seja o segundo ou o terceiro num geral.