Cotidiano

Rio não atinge objetivos no ensino médio e no fundamental

RIO- Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Rio ? no estado e também em relação à capital ? não trouxeram notícias tão boas quanto na última edição, divulgada há dois anos. O ensino público apresentou estagnação na nota relativa ao ensino médio,e recuo na média do segundo segmento do ensino fundamental (de 6º ao 9º ano). ideb

Desta vez, o ensino médio no estado não conseguiu aumentar sua nota em relação à edição anterior, permanecendo com 3,6 e deixando, portanto, de cumprir com a meta de 3,7 estabelecida para o período. O desempenho deste ano chamou atenção pelo contraste com os dados divulgados em 2014. Na época, o estado havia passado de 15º no ranking relativo ao ensino médio público, em 2011, para 4ª posição em 2013. Nessa ocasião, o então secretário de Educação, Wilson Risolia, traçou como meta para esta etapa o primeiro lugar do Ideb de 2015. Mas os índices mostram que o Rio não conseguiu repetir o bom resultado, mantendo a 4ª posição.

? A possível causa para isso é um problema gerencial. Temos esses resultados por falta de gestão e também por displicência de professores, diretores e dos próprios pais. Com um pouco mais de esforço poderíamos prosseguir em uma caminhada de melhoria do índice. Só no entorno do Rio há meia dúzia de universidades públicas que inclusive poderiam contribuir com a formação dos professores ? avalia Antônio Freitas, membro da Academia Brasileira de Educação. ? Considero que no próximo Ideb, na melhor das hipóteses, o cenário fique como está, ou até piore.

No âmbito municipal, apesar de ter progredido no índice relativo aos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) , evoluindo de 5,3 (2013) para 5,6 (2015), a rede teve queda na nota dos anos finais. A média das escolas municipais da capital passou de 4,4 (2013) para 4,3 (2015), não conseguindo alcançar a meta de nota 5 nesta edição.

? Um dos grandes problemas na educação brasileira de modo geral é a formação de professores. Vejo que infelizmente nossos cursos de formação não estão preparando para a realidade que temos na escola ? comenta Bertha Valle, doutora em políticas públicas em Educação pela UFRJ, acrescentando que o mau desempenho impacta no ensino médio. ? Isso mostra que o aluno já vem do ensino fundamental com pouca base e, quando chega no ensino médio, é um desastre.

CULTURA DE REPROVAÇÃO

Para a secretária municipal de Educação, Helena Bomeny, a queda no índice dos anos finais está relacionada à cultura de reprovação nas escolas:

? Em termos de aprendizagem subimos bastante, a nota na Prova Brasil passou de 5,91 para para 6,1 no primeiro segmento e 5,07 para 5,1 no segundo. Mas como ainda temos um índice de reprovação alto isso reflete no Ideb. Temos conversado muito com as escolas para que revejam seu conceito de avaliação. É preciso ver todo o esforço do aluno. Ver o que ele aprendeu e trabalhar em cima disso.

Já a secretaria estadual de educação afirmou por meio de nota que além de ter a 4ª melhor nota no ensino médio, ?melhorou no Índice de Fluxo (aprovação, reprovação e abandono), de 0,82 para 0,84. Quanto ao abandono, houve expressiva queda, de 7,2% para 4,6% e melhoria na taxa de aprovação, de 77,7% para 80,4%.?