Policial

Richa cancela vinda e o início da demolição

Uma nova data para o início da demolição da carceragem deve ser marcada pelo Governo do Estado

Cascavel – A morte de um agente penitenciário na tarde de ontem em Londrina fez com que o governador Beto Richa cancelasse a vinda a Cascavel e, consequentemente, a demolição da carceragem da 15ª SDP (Subdivisão Policial) de Cascavel.

Ontem, um dia antes do início da destruição da cadeia, inaugurada em 1981 e projetada para abrigar 132 presos e que já abrigou mais de 800, detentos que foram transferidos para a PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) nos últimos dias e agentes que trabalham na unidade prisional, encaminharam à imprensa dois documentos distintos relatando os mesmos problemas e deficiências na Penitenciária.

No documento encaminhado pelos detentos, datado de sábado, 17 de dezembro, eles citam que as transferências feitas nos últimos dias tem piorado as complicações já existentes na unidade. Um dos pontos citados é a falta de médicos, enfermeiros, remédios e qualquer tipo de atendimento relacionado à saúde. Conforme os detentos, as triagens estão lotadas, abandonadas e muitos internos estariam somente de cuecas, porque não teriam roupas nem material de higiene.

Eles citam também o baixo número de agentes e o despreparo dos servidores, que afetaria diretamente a população carcerária, que estaria perto da capacidade máxima. Conforme os detentos, a SOE (Sessão de Operações Especiais), estaria “oprimindo com espancamentos e procedimentos abusivos e desumanos, são muitas humilhações”.

Em outro ponto, os internos dizem que os corredores e galerias da unidade são “campos de batalhas, pois bombas e tiros são disparados a todo momento, e vários estão usando armas e munições letais para nos intimidar, até mesmo nossas visitas são humilhadas”.

PEC não tem estrutura

Já no documento confeccionado pelos agentes penitenciários lotados na PEC, feito em uma reunião no sábado (17) à noite, eles dizem que não são contrários às transferências, porém segundo eles, o problema seria a situação estrutural da Penitenciária, que não teria capacidade nem física nem de servidores para suportar o volume de presos que ficarão na unidade. Segundo eles, presos e servidores não estão tendo seus direitos básicos respeitados.

Conforme os agentes, na PEC não há nenhum médico e apenas três técnicas de enfermagem estariam se revezando no atendimento e, uma delas, deverá sair em licença médica por seis meses. Quanto a dentista, o profissional deverá atender presos da PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel) a partir de março do próximo ano, e que “tem-se a esperança de que atenda ao menos alguns presos da PEC”.

Eles citam ainda que os agentes fizeram uma “vaquinha” para comprar uma máquina de cortar cabelo para evitar a infestação de piolho na penitenciária. No local também não haveria fornecimento de roupas para os presos, o que prejudicaria a identificação dos detentos.

Além disso, os agentes citam o baixo efetivo, uma vez que a PEC foi projetada para operar com cerca de 200 agentes para a vigilância e custódia de cerca de 860 presos. Hoje a unidade possui uma média de 25 agentes por dia, o que traz prejuízo tanto para a segurança dos profissionais quanto dos presos.

Mesmo após a reforma, os agentes citam que a estrutura física da unidade estaria totalmente comprometida e precisaria de reparos urgentes. Eles citam como exemplo os portões eletrônicos que não funcionam; o sistema de monitoramento sem operar; fechaduras e portas em situações precárias; e das quatro guaritas que deveriam ser ocupadas por policiais militares, apenas uma fica guarnecida, entre outros.

A reportagem do O Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa do Depen (Departamento Penitenciário do Estado) solicitando um posicionamento sobre as reclamações dos presos e dos agentes. Por telefone, a assessoria disse que hoje, durante a demolição, haverá um posicionamento sobre o assunto.

Colégio

Devido ao cancelamento da vinda do governador Beto Richa, a solenidade de inauguração do Colégio Estadual Acquilino Massochin, no bairro Canadá, que ocorreria hoje, foi adiada para outra data a ser marcada. A unidade educacional começará a funcionar no ano letivo de 2017 e terá capacidade para 220 alunos.