SALVADOR – Puxando uma Ave Maria, com o publico de pé, a cantora Maria Bethânia reinaugurou na noite desta sexta-feira a Concha Acústica de Salvador, espaço de importância cultural histórica na Bahia. Fechado para obras há três anos, o imenso palco a céu aberto tombado pelo Iphan reabriu com capacidade para 8 mil pessoas, ao custo de R $ 80 milhões para o governo do Estado. O festival ” Eu sou a Concha”, que marca a reabertura, tem no line up ainda o grupo Baiana System com Ney Matogrosso, no sábado, e o reencontro dos Novos Baianos, no domingo. Ao abrir o concerto da reinauguração, Bethânia convocou a platéia a rezar a prece, unida, dizendo que “o Brasil precisa de Misericordia”.
– Hoje é dia de Nossa Sra de Fatima, vamos inaugurar este espaço rezando uma ave-maria. O Brasil precisa de misericordia. Dia 13de Maio é também dia da abolicao da escravatura. – limitou-se adizer MB, emendando uma interpretação do poema “Navio Negreiro”, do poeta que batiza o teatro que abriga a Concha na área externa, Castro Alves.
A plateia a recebeu com o coro de ” Não vai ter golpe”, mas a cantora não comentou os gritos dos cerca de 4 mil convidados que acompanhavam a apresentação. Cumpriu um repertório clássico, com hits como “Negue”, ” Reconvexo”, “É o amor”, ” Olhos nos olhos”, convidou Margareth Menezes ao palco, onde juntas cantaram “Os mais doces bárbaros”. Margareth levou ” A luz de Tieta”, e voltou ao palco ao final do show de Bethânia, que encerrou o espetáculo com o samba-enredo campeão do Carnaval deste ano, da Mangueira, em sua homenagem. Encerraram as apresentações da estreia os grupos Olodum, Filhos de Gandhi, Ilê Ayê, grupo Muzenza e participação da cantora Marcia Castro.
Inaugurada em 1959, com arena e palco em formato de diamante, a Concha Acústica do Teatro Castro Alves recebeu os principais nomes da MPB ao longo dos anos, sendo palco e cenário de shows e gravações históricas – foi lá que Caetano Veloso e Gilberto Gil fizeram o ultimo show no Brasil.antes de se exilarem em Londres, em 1969.
