Política

Réu denuncia caixa 2 de Richa e aliados

Ex-executivo da Odebrecht diz que R$ 4,4 milhões foram doados ilegalmente para as campanhas

Curitiba – A denúncia acolhida pelo juiz Sérgio Moro na última quarta-feira (5) no âmbito da Operação Lava Jato deu origem a uma ação penal com informações a respeito de um possível envolvimento de outros políticos no esquema que teria, segundo o MPF (Ministério Público Federal), favorecido a Odebrecht na licitação das obras na PR-323, no Paraná. Um dos depoimentos anexados ao processo aponta suposto favorecimento a nomes próximos ao ex-governador Beto Richa (PSDB).

Luciano Ribeiro Pizzatto foi diretor de Contrato na empreiteira e aderiu ao acordo de leniência firmado pela empresa. Ele afirma que R$ 4,4 milhões teriam sido doados via caixa 2 para as campanhas do próprio Beto Richa; dos deputados estaduais Ademar Traiano (PSDB), Plauto Miró (DEM) e Tiago Amaral (PSB); e do deputado federal Alex Canziani (PTB) em 2014. Todos negam envolvimento no caso. Eles não foram denunciados pelo MPF nem figuram como réus nesse caso.

De acordo com Pizzatto, os repasses ilegais ocorreram depois que o consórcio integrado pela Odebrecht apresentou, na licitação, a proposta para a realização das obras na PR-323. As doações teriam sido intermediadas por Jorge Atherino que, segundo o relato de outro ex-executivo da empresa Benedicto Junior, seria o responsável por pedir dinheiro para a campanha de Richa em 2014. Atherino, Junior e o próprio Pizzatto são réus na ação penal aberta por Moro na semana passada.

Segundo o ex-executivo, a maior parte do valor acertado, R$ 4 milhões, teria sido destinada para a campanha de Richa. Já a campanha de Ademar Traiano teria recebido R$ 150 mil; as de Plauto Miró e Tiago Amaral, R$ 100 mil; e a de Alex Canziani, R$ 85 mil. Os recursos, de acordo com Pizzatto, não foram contabilizados, ou seja, são caixa 2. As senhas e os locais para a entrega dos recursos teriam sido entregues a Atherino e a interlocutores dos políticos citados.